sábado, 26 de fevereiro de 2005

Tarde de Cinema - Scala

Quando soube o resultado do exame do segundo ano do Liceu, o meu pai ofereceu-me uma ida ao cinema, prémio desse resultado, pensava eu.
Mas talvez fosse mais do que isso.
Talvez fosse a maneira que ele tinha de agarrar todas as oportunidades, para me passar o testemunho dos seu gostos, especialmente no cinema, que exercia em nós, os que vivíamos sem televisão, um fascínio imenso.
O filme era o êxito do momento: My Fair Lady.

Vi uma, duas, três vezes o filme.
A certa altura, perdi-lhe a conta.
O disco de 33 rotações rodou também vezes sem conta.
Depois foi o vídeo e o DVD.
Hoje já nem preciso de qualquer suporte material para recordar o encanto das cantigas e da história da florista de Convent Garden: Eliza Doolittle
(Está tudo guardado cá dentro.)
Só muito mais tarde entendi que o êxito (doze nomeações e oito estatuetas) se devia a um conjunto de condições, sobretudo a uma obra literária importante, Pigmalião, de um autor ímpar na Língua Inglesa:o dubliner Bernard Shaw.
E para além do conteúdo, há a forma!
Há os dois actores inesquecíveis, Audrey Hepburn e Rex Harrison, que talvez tenham eternizado a forma corpórea das personagens de Bernard Shaw.
Recordo a polémica à volta da escolha de Audrey Hepburn e do Óscar de Melhor Actriz que não lhe foi atribuído, pois Audrey não possuia os dotes vocais de Julie Andrews, a preterida, que até aí tinha dado corpo e voz à "Linda Senhora" no palco da Broadway.
Podíamos ficar o tempo todo com prodigiosa mistura de fantasia e verdade de filmes como este!

É justo recordar também que, nesse ano, Julie Andrews trouxe a estatueta de melhor actriz, pela sua interpretação em Mary Poppins.

As Noites da Academia de Hollywood são sempre muito emocionantes, mas o que eu queria hoje aqui trazer era uma "matinée" do Scala, de 1964.

3 comentários:

Anónimo disse...

Matinées inesquecíveis, tal como esta banda sonora _ eu vi, pela 1º vez, My fair lady, em opereta, representada num palco de Joanesburgo, tinha 5 anos. Ainda me lembro do medo que o 'pai da rapariga' me meteu... e, no entanto hoje: vivam os grandes apreciadores da boa cerveja!
Também ouço muitas vezes o cd. Foi bom ler este 'post'!, beijo, IO.

lique disse...

Sabes que também adorei o filme quando o vi no cinema. Revi-o também diversas vezes e acho que ainda sei a letra das canções de cor. Gostei de relembrar. Beijinhos

None disse...

Este é dos filmes que se vê várias vezes e não cansa. A música é para saber e cantarolar.
Há filmes eternos.