sábado, 18 de setembro de 2004

Garbo fala!


"Garbo fala!" ou “Garbo talks ok!” como proclamou o jornal Variety, a 23 de Outubro de 1929.
Garbo fala, com uma voz baixa, rouca, ganhando assim a primeira nomeação para a Academia pelo trabalho em Ana Christie,com argumento baseado numa peça do dramaturgo americano Eugene O'Neil.
O cinema mudo é hoje uma fonte de documentação histórica e vemo-lo com olhos distantes. Mas houve esse tempo, em que o filme era bilegendado e uma composição musical preenchia o silêncio dessa então insuficiência da tecnologia.
Podemos imaginar o deslumbramento de uma "fita" com vozes, com falas.
Greta Garbo foi a portadora dessa maravilha para os amantes do cinema.
O sucesso foi tal que o mesmo filme foi produzido também em língua alemã, o que contribuiu ainda mais para a glória de Garbo.
Foi certamente o mais "especial" efeito especial!
Greta Garbo, Greta Lovisa Gustafson, nasceu há noventa e nove anos na Suécia.
A sua vida pública foi marcada pelo sucesso como actriz. A sua vida privada foi retocada pelo mistério, pelas especulações, que a actriz nunca se preocupou em confirmar ou desmentir. Reivindicava o direito à privacidade e foi o desejo dessa privacidade que a levou a abandonar cedo uma carreira tão cheia de brilho.
Morreu cidadã americana, mas as sua cinzas foram levadas para a Suécia, a terra fria de que sentia saudade.

1 comentário:

eduardo disse...

20 anos de carreira e os restantes em silêncio. Fica-me o mistério que sempre a acompanhou.

"Entre silêncio e sombra se devora
e em longínquas lembranças se consome
tão longe que esqueceu o próprio nome
e talvez já não sabe por que chora

Perdido o encanto de esperar agora
o antigo deslumbrar que já não cabe
transforma-se em silêncio por que sabe
que o silêncio se oculta e se evapora

Esquiva e só como convém a um dia
despregado do tempo, esconde a tua face
que já foi sol e agora é cinza fria

Mas vê nascer da sombra outra alegria
como se o olhar magoado contemplasse
o mundo em que viveu, mas que não via."


Um soneto dedicado a ela por Carlos Pena Filho.
http://www.secrel.com.br/jpoesia/poesia.html