domingo, 17 de abril de 2005

E finalmente...

Um Gedeão para o Eduardo, que faz hoje anos.
O Poema chama-se Dez Réis de Esperança.
(É pouco, eu sei, mas tu aplicas e multiplicas!)

Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebeia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos à boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva de penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

Parabéns!

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns, Eduardo!! _ IO.

virna disse...

madalena,
é sempre bom vir aqui e descobrir outros poetas.
e adoro ver as fotos antigas que voce encontra, os documentos históricos.
um beijo
(do atlântico - uns dias em fortaleza)
virna

eduardo disse...

chuac!