segunda-feira, 18 de abril de 2005

A galope...

Este cavalo vai a galope...
Quais estradas! Corta o caminho pelas planícies, sobe as montanhas, desce as montanhas, atravessa os rios, sempre, sempre porque tem pressa e só vai parar em Bruxelas.
Leva o antídoto do Cinzento e entrega à Pitucha!

Quero um cavalo de várias cores,
Quero-o depressa que vou partir.
Esperam-me prados com tantas flores,
Que só cavalos de várias cores
Podem servir.

Quero uma sela feita de restos
Dalguma nuvem que ande no céu.
Quero-a evasiva - nimbos e cerros -
Sobre os valados, sobre os aterros,
Que o mundo é meu.

Quero que as rédeas façam prodígios:
Voa, cavalo, galopa mais,
Trepa às camadas do céu sem fundo,
Rumo àquele ponto, exterior ao mundo,
Para onde tendem as catedrais.

Deixem que eu parta, agora, já,
Antes que murchem todas as flores.
Tenho a loucura, sei o caminho,
Mas como posso partir sózinho
Sem um cavalo de várias cores?


Do Reinaldo Ferreira, como todos sabemos!

imagem daqui

3 comentários:

Pitucha disse...

Oh Madalena!
Gostei tanto que vou iluminar o meu gabinte com uma cópia do poema.
Obrigada.
Um grande beijo cheio de cores.

Anónimo disse...

Este levanta qualquer um, Poema soberano!! _ beijo às duas, IO.

Anónimo disse...

Neste cavalo até eu ia,e só parava em Moçambique!Não há cinzento que resista a esta galopada.
beijinhos
ana