Porém, perto, mesmo muito perto, as ondas explodiam em branco que subia, tapando esse longe, caindo de seguida e espalhando-se, já calmas, sem pressa e sem força, pela areia que encontravam...
Falaram. Trocaram as suas vidas por palavras. Encontraram-se algumas vezes com as mãos, estendidas sobre a mesa. Encontraram-se muitas vezes com as almas que se tocavam, misturando-se numa orgia de sensações, que os fazia flutuar para além do longe das incertezas.
Quando ela confessou o seu estonteamento, ele apressou-se a atribuir a responsabilidade ao vinho. Mas ambos sabiam que não. Não tinha sido o vinho que os tinha transportado para os lugares onde reside o êxtase.
Outra química que não a do álcool.
O êxtase parecia eternizar-se, como se eternizava o longe. E as sensações geravam sensações. E a almas pareciam sair dos corpos, para se desancorarem e libertarem de todas as amarras e se deixarem levar.
Terminaram o almoço. A tarde estava fria. A humidade do ar do mar acentuava o frio, que lhes arrefecia as mãos, a cara, tornando-os conscientes da realidade. Deram as mãos e deram dois ou três passos em direcção ao mar. Ela levantou a cabeça e olhou- o. Gostou de ver uma expressão de felicidade tranquila. Arrebatou-a e devolveu-lha. Encostou a cabeça ao ombro largo e a mão dele acariciou-lhe o cabelo.
Parecia que, como sempre, nunca nada lhes tinha acontecido de tão maravilhosamente grande.
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3 comentários:
Eu estive vai não vai para te pregar uma partida, mas... a escrever ficção! E bonita. Quero, exijo mais, Madalena.
Beijinho.
Vá lá Mada, afinal tens que fazer o que sempre te tenho dito. Tens uma sensibilidade... toca para a frente para eu me roer de inveja (que palavra tão feia)
Pois...vais ter mais trabalho!Agora, além das efemérides,ficas "obrigada"a brindar-nos com esta ficção tão ao meu gosto.Continua,please...
beijinho
ana pereira
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