quarta-feira, 23 de novembro de 2005

Ao que nós chegámos!

A FRASE (Destaque do jornal Público)
"Qualquer professor que não seja um debilóide sabe estabelecer uma relação com turmas de alunos que não conhece e conversar descontraidamente sobre aspectos genéricos das disciplinas e as suas correlações (nada é estanque), sobre os modos de tirar notas na aula, sobre a procura de um livro na biblioteca, sobre o uso produtivo da Internet e outras questões metodológicas."
Eduardo Prado Coelho, PÚBLICO, 23-11-2005
Quando a falta de respeito pelos professores vem dos próprios professores!
Eu hoje tive muita pena do tempo que gastei a assitir caladinha às suas aulas, convencida que era burrinha, ou debilóide, por não perceber o que o senhor dizia nas aulas práticas de Introdução aos Estudos Linguísticos.
O mais estranho é que as aulas teóricas, leccionadas no anfiteatro da Faculdade de Letras, pelo Professor Lindley Cintra, proprocionavam-me um gosto tão grande por aprender, que não desisti. Aí eu entendia tudo! Tudinho!
É preciso não ter mínimos de sensibilidade e respeito pelos outros para escrever o que escreveu hoje no Público, Senhor Doutor.

4 comentários:

Xana disse...

Tenho uma amiga, que por infortúnio da vida e não por vocação, esteve três meses a dar aulas ao 10º ano, em substituição da docente oficial (que supostamente o fazia por vocação e até estava efectiva). Com ou sem vocação, esta minha amiga achou que era seu dever preparar o melhor possível as aulas dado que os alunos não tinham culpa de nada e não deveriam ser afectados pela doença da sua professora. A meio da primeira aula e após vários silêncios a cada pergunta que a minha amiga fazia tentando aferir se os alunos estariam a seguir o raciocínio dela, um deles resolve reclamar: “Ó stora, não era assim que a nossa stora dava aulas, assim não conseguimos perceber nada!”; “Então como era?”; “A nossa stora lia o livro e nós seguíamos nos nossos”.

Bom, com este método, qualquer um sabe dar aulas … conheça ou não os alunos!!! Felizmente quero crer que esta professora não representa com toda a certeza a classe de professores do nosso país.

Nelson Reprezas disse...

Ultimamente (sem qualquer ironia, Madalena) tenho notado em ti um profundo sentimento de desilusão...
Devo confessar-te que o panorama geral não me surpreende. Aliás, a palavra "geral" é talvez a chave de tudo. Se nos deitarmos a analisar a crise com as especificidades relacionadas com os nossos interesses directos a surpresa e desencanto são grandes. Se lhe concedermos a abrangência que, na minha opinião, mina a nossa vida cívica, as coisas parecer-nos-ão mais claras.
Não ajudei nada, eu sei, Madalena, foi só uma opinião.
Beijinho

Madalena disse...

Xana: Uma coisa é vocação e outra é profissionalismo. O ideal é juntá-los. Uma aula pode ser dada de mil e uma maneiras. O importante é que eles aprendam. Não me parece bem fazer qualquer juízo nem sobre a tua amiga nem sobre a outra professora.
Mas que a opinião pública está minada contra nós lá isso está!
Espumante, uma palavra amiga sabe sempre bem ouvir. A minha desilusão vem das pessoas que me rodeiam e que põem em causa a minha profissão em questões muito delicadas, como se até aqui tivessem todos andado calados mas sempre a pensar o mesmo.
Beijinho para ti!

Miguel Pinto disse...

Todo este ruído, para quê? Esta gente toda a esconder-se, porquê? Querem-nos distrair? Por que será que, de num ápice, a discussão da educação foi centrada na escola?