A televisão é para mim um fascínio. Ainda hoje, apesar de tudo.
Já compreenderão este tudo! É o cinema em casa.
Aquele cinema que preenchia uma parte muito importante da minha vida, que me ajudou a crescer e me ensinou a viver, como diria (talvez!) o Alfredo, projeccionista do Cinema Paraíso. O tal cinema em formato de bolso. Pocketcinema.
Cresci sem televisão e devo ser quase uma espécie em vias de extinção. Até aos dezoito anos, vi apenas um único aparelho de televisão, arrumado nas bagagens da minha tia, que tinha passado quatro anos em Lisboa e tinha levado para LM um aparelho, talvez na esperança que lá chegasse a caixa das maravilhas e aquela pudesse servir. Ou então, apenas por uma questão menos sonhadora. Talvez por razões práticas: que fazer ao móvel?
Esta imagem foi tirada daqui. (E esta senhora não é a minha tia. A minha tia é muito bonita!!!)
Aos dezoito anos aterrei na Portela com uma bagagem de expectativas, lãs para o Inverno que eu também não sabia o que era, mini-saias e maxi-saias (Não havia meio-termo!) e alguns sonhos.
À hora que eu cheguei não havia emissões. Havia horários. E havia tele-escola, que víamos, quando não havia mais nada para ver. Mas também não foi nessa altura que me tornei mais dependente, teledependente. Aos dezoito, aos dezanove e aos vinte anos, há muito mais coisas para fazer. Havia uma Lisboa inteirinha para descobrir e uma vida novinha em folha para viver.
A dependência chegou mais tarde. Não é para rir, mas as dependências e as responsabilidades maiores são quase simultâneas. Isto quer dizer filhos pequenos e tem a ver com a impossibilidade dos jovens pais de sair a toda a hora. Entretanto também é verdade que os génios do humor, da boa disposição e do talento estavam ao serviço da única televisão, a RTP, o que ajudava a tornar mais agradável a opção de ficar em casa.
Imagem daqui. Obrigada, Emília!
Mas a televisão de qualidade foi rareando e o bom vício foi-se perdendo.
De tempos a tempos, surge em mim o desejo de o ressuscitar.
É o que ando a fazer agora com a série "Perdidos", onde a sobrevivência não é uma questão solitária e não passa por magias urbanas, tecnológicas, e a ideia nos confronta com os nossos próprios instintos mais profundos.
Procuro ainda ver os episódios "perdidos" do Dr House, recomendação do João, e algum blá-blá que me caia mais no goto, seja pelas pessoas, seja pelo tema.
3 comentários:
Interessante forma de correr os dias, Madalena, gostei. Ainda que continue a achar que os 'radio days' eram mais kurtidos... beijo grande, IO.
Detive-me na segunda imagem com um "AHHH... a Cornélia!!" :)))
Confesso que ta vou roubar, mas só para recordação desse programa, só para o meu album.
Escrevi um texto sobre o DR HOUSE no meu Blog. Se tiveres com paciência vai até lá e lê o texto.
Fica bem
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