domingo, 23 de abril de 2006

Celebrando Shakespeare e o Amor!

Um dos testemunhos mais belos do amor vem do dramaturgo inglês Shakespeare: Romeu e Julieta. Dois adolescentes tragicamente apaixonados dão, para sempre e ao mundo inteiro, o exemplo do amor inevitável e irreversível. Por isso, forte.
Duas famílias rivais que estendem os seus ódios aos servos habitam a mesma cidade: Verona, cujas ruas se mancham constantemente de sangue, derramado em violentas rixas, entre partidários de Montéquio ou Capuleto*.
Numa noite de festa, o único filho dos Montéquio, Romeu, entra no palácio dos Capuleto, em busca de uns momentos com a sua amada Rosalina. Romeu não conhecia Julieta que estava já prometida a Páris, apesar da idade menina: catorze anos. Mas o destino tece estas malhas e Romeu apaixona-se por Julieta, assim que a vê. “Oh! Ela ensina as luzes a arderem com esplendor.” A bela menina não lhe resiste, pelo contrário, entrega-se a um amor que ela sabe condenado pelas famílias de ambos. “Renega o teu pai, muda de nome; se não queres fazer isto, jura amar-me e deixo eu de ser Capulet.”
Há uma ama dedicada, cúmplice deste amor, não para contrariar os ricos amos nem para ganhar favores através da jovem Julieta. É o testemunho da dedicação das velhas amas, dos tempos dos castelos e palácios. Ela conhecia a sua menina melhor o que a própria mãe. Dá conselhos sábios, tentando proteger os jovens amantes. “Que Deus do céu vos abençoe.”
Um outro cúmplice é o Frade Lourenço, alquimista e clérigo de coração enorme, que os casa em segredo.”Queira Deus que os sorrisos do céu baixem favoravelmente sobre este santo acto...”
Mas...numa rixa de rua, Tibaldo, primo de Julieta, morre às mãos de Romeu, depois de ter ferido de morte o seu melhor amigo, Mercúcio. Não tivesse Tibaldo provocado Romeu e sido ele próprio o assassino de Mercúcio, a pena de Romeu podia ser outra. Assim, tendo em conta atenuante da provocação, o jovem e apaixonado marido é simplesmente exilado para Mântua.
O frade desenvolve então um plano. Julieta deverá tomar uma poção que a deixará aparentemente sem sinais de vida, durante quarenta e duas horas. Entretanto, o frade enviará um mensageiro a avisar Romeu de que se trata apenas de uma estratégia para unir as famílias desavindas. Confiante no bom senso de ambos os senhores, acredita o frade que as famílias aceitarão aquele amor.
Mas, mais uma vez o destino tece as malhas da desgraça e Baltasar, servo dedicado de Romeu, ignorando que a morte de Julieta é um fingimento, uma morte aparente, dirige-se a Mântua, para lhe dar a infeliz notícia. Imediatamente Romeu regressa a Verona. Romeu e o mensageiro, Frei João, não se chegam a encontrar.
Chegando ao túmulo de Julieta, Romeu é surpreendido por Páris. Brigam e Romeu mata Páris. Depois declara a Julieta novamente o seu amor e despede-se dela. Toma então a poção letal que trazia consigo, caindo sem vida ao lado da amada. Quando Julieta acorda e se apercebe de tudo o que aconteceu, nada mais tem a fazer senão espetar o punhal de Romeu no seu coração. As famílias reconciliam-se finalmente, tal como o Frade havia previsto, mas demasiado tarde para os dois jovens.
Shakespeare imortalizou este amor, este par apaixonado e esta cidade italiana, Verona.
varjul
A casa de Julieta pode ser visitada, mesmo sem haver qualquer certeza de ter pertencido a Julieta ou à família Capuleto, família essa que existiu realmente, tal como a família Montéquio. É um lugar muito visitado pelos turistas que acreditam estar nos mesmos lugares desse belo e grande amor. Uma estátua de Julieta, no pátio e a varanda, por onde Romeu terá aventureiramente entrado em casa da Julieta, completam o cenário do amor.varaeu
Shakespeare nasceu a 23 de Abril de 1564 e morreu a 23 de Abril de 1616.
Nesse mesmo dia morreu Cervantes.
Deve ter sido um dia muito complicado para entrar no Céu!
* Optei pelo aportuguesamento dos nomes italianos da peça de Shakespeare.

7 comentários:

eduardo disse...

Olá, Madalena.

Passei perto e resolvi abrigar-me debaixo desta janela tua. E nem os Capuletos ou Montéquios deste tempo me fariam demover de tal prazer. Não só porque chove e que me auscultas, mas também porque aqui bate o sol sempre que abres o varandim do teu saber em encantar.

Vagueei pelos dias que não li e dei por mim alegre e mais feliz.
É bom termos Mulheres assim.

Um beijo enorme, se tal ousadia me permitido for.

Anónimo disse...

Que bom recordar! A cidade, onde já estive, e a peça:
"A glooming peace this morning with it brings;
The sun, for sorrow, will not show his head:
Go hence, to have more talk of these sad things;
Some shall be pardon'd, and some punished:
For never was a story of more woe
Than this of Juliet and her Romeo."
Beijinhos e obrigada, Madalena.

papoilasaltitante disse...

A história de amor intemporal tão bem contada por Sheakspere!!
Como sabes eu resido numa terra ligada intimamente a um outro amor intemporal, só que este não ficcional (terá concerteza muitos aspectos que são ficção) mas é sem dúvida uma história de Amor linda embora, como a de Romeu e Julieta,trágica!!
Pedro e Inês são sem dúvida os nossos Romeu e Julieta, e Camões elevou esse amor ao relatá-lo nos seus Lusíadas!!!
Pena é que os locais que foram cenário a esse amor..não tenham muitas vezes o mesmo "reconhecimento" que essa bela varanda de Verona!!!

Anónimo disse...

Só o Amor é revolucionário!! um beijo, IO.

Nelson Reprezas disse...

Tu expressas-te como se estivesses a respirar, simplesmente. Falas de Shakespeare ou do sifão da cozinha com a mesma naturalidade. E, aí está a magia dos teus posts, com o mesmo encanto. E não é fácil trazer encanto a um sifão de cozinha :))
Era só isto que te queria dizer...
Beijinho muito amigo

luis manuel disse...

Ler em tempo "real" e a preceito.
Continua uma peça em muitos actos, diarios quase todos eles.
E ainda sobra matéria para recordações de além-mar.
Um abraço

Dinamene disse...

Para te deixar um beijo revolucionário e continuação de melhoras.