Dia do Professor! Celebra-se hoje? Devia celebrar-se todos os dias, a par do dia do aluno, da criança ou da mulher. E do homem! Porque não?
Porque todos os dias se é homem, criança, mulher, aluno ou professor. Estas são condições (Há outras, eu sei!) que não cabem num dia do calendário. Claro que se trata de um lembrete para o mundo, mas acontece transformar-se numa concentração de atenção nos aspectos mais tristes da condição de professor, como o desemprego e outras ameaças à felicidade pessoal e social de cada um de nós.
É mais um dia para se vilipendiar o professor pela falta ocasional que neste dia o metamorfoseia em "trabalhador ocioso". Curiosamente, as outras classes sociais não têm trabalhadores ociosos. Sobretudo, nestes dias!
Claro que falo do alto de um tempo de quase trinta e um anos, limpos de muitas falsidades, de mentiras impigidas com etiquetas de verdade. Refiro-me a faltas, claro! E é justo que diga que "tropeço" em professores com sentido de dever, portanto esta atitude não pode ser entendida como rara. De modo nenhum!
Quanto a mim, tenho o meu brio profissional, acima de tudo. No entanto, deve ser verdade que não sou sempre exemplar (??), porque sou gente e carreguei comigo para a escola muitas vezes tristezas várias que não consegui deixar em casa. Não me consigo limpar assim, tão automaticamente, ao toque da campainha, das minhas frustrações e outras limitações inerentes ao simples facto de ser um ser pensante, como os outros que dividem comigo estes tempos. Mas, ao invés de tudo o que se possa pensar, as crianças entendem, porque o nosso entendimento com eles também passa pela emoção. A relação não se traduz apenas em contas e em balanços de aprendizagens. Também passa pelo conhecimento que vamos aprendendo das pessoas na sua complexidade de "gente".
Por isso, não reduzam o professor a uma máquina de ensinagem e não lhe impinjam teorias novas todos os dias, não lhes digam que eles só são bons se forem iguais aos finlandeses.
O modelo de professor vem de muito longe. Vem dos antigos. Foi com eles que eu "me" construí. É tarde agora para me destruir e reconstruir sobre ruínas de mim, com arquitecturas apressadamente ajeitadas aos interesses de uma modernidade cada vez mais doentiamente marcada pelos números da economia. Sei que não vou por aí!, como diz o longo poema magoado de José Régio, ele próprio professor de liceu.
Os gregos davam aulas na rua, sem salas e sem ferramentas para além da sua própria vontade e voz. Os alunos devem trazer de casa a vontade de aprender. E todos devem trazer consigo a vontade de vencer a ignorância que de acordo com Sócrates, o original, é, de facto, o único mal da humanidade.
Pois a mim parece-me que a ignorância está a ser habilmente utilizada na construção dos robôs do futuro mundo admirável!!!!
Hoje e sempre são dias de toda a gente. Celebra-se a vida e o sol, lá fora, que o diga!
3 comentários:
Interessante espaço, cheio de riqueza pictórica e elegante palavra...volto...
Bom dia do professor Madalena.
Beijos
Admirável que ainda tenhas voz! A mim pesa-me a ignorância desta gente que se diz governo! Se ao menos se não"governassem" à nosssa custa! Força Mada!Notável como insistes em ensinar! Bjs
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