Sei que a minha opinião não interessa nada. Mas ainda tenho autorização para pensar sobre as coisas que, à minha volta, fora de mim, vão acontecendo e que me vão batendo às portinholas do meu pensamento/memória/coração.
Por isso, eu digo que eu acho que a Esmeralda devia ser entregue aos pais que a encheram dos cuidados dos primeiros anos, que não são poucos, que a protegeram dos males do mundo, que não são poucos, que lhe deram amor e não foi pouco, pois arriscam agora tudo, até a liberdade para ficarem com ela, só com ela, sem indemnizações ou coisas assim.
Um amigo meu contava a história da sua vida de filho adoptado de um modo ligeiro. (Claro que a ligeireza era uma maneira de impedir que determinadas emoções aflorassem à conversa, pois nem sempre era caso disso.) Era um homem muito inteligente e muito sensível. Foi um amigo que eu perdi, "cá por baixo", mas que me deixou uma recordação muito doce e muito pensamento para pensar. Dizia ele, mais adiante e mais emocionado, que o "paizinho" e a "mãezinha", como ele os tratava, tinham deixado de comer "o bife" para que ele fosse ele a comer a comida mais "rica", para crescer mais forte e mais saudável. Eram pobres de dinheiro mas deram-lhe muito, muito amor e ele era um ser capaz de amar e ser feliz, graças a esses pais de coração.
Levaram-no à escola, como fazem os pais de sangue, porque queriam que o seu filho aprendesse as letras e os números. E ele aprendeu e muito bem. Deram-lhe o curso médio que a bolsa permitia, o que lhe permitiu a ele o ingresso na Universidade e, para felicidade destes pais, o filho retribuiu-lhes sempre em orgulho, todo o amor que lhe tinha sido dado ao longo da vida.
Quando os pais de sangue perceberam que tinham posto de lado um "investimento" voltaram para reclamar um "ganha-pão" e não um filho. O coração do Fernando estava determinado quanto a amor filial e não vacilou. Em tribunal declarou-se filho dos pais de coração.
Foi, até ao fim da vida deles, o filho querido. Foi, até ao fim da vida dele, o filho querido daqueles pais pobres que comiam sardinhas (comida dos pobres de então) para que ele comesse "o bife".
A história da sua vida, contada por ele começava assim:
Quando eu tinha quinze dias, a minha mãe foi às compras e deixou-me com a vizinha. Voltou, quinze anos depois...
(Obrigada, Fernando, por teres sido nosso bom amigo! Se um dia nos voltarmos a encontrar, hei-de voltar a fazer farófias, a tua sobremesa preferida! Todos os teus amigos te lembram com saudade, respeito e admiração. Se aqui estivesses, já tinhas com certeza pedido que entregassem de vez a Esmeralda aos pais, aos "verdadeiros", porque o amor nasce no coração e depois é que vai para as veias!)
4 comentários:
Olá
Concordo plenamente com o que escreveu. É bem verdade o amor nasce no coração. Ter é dôr, criar é amor. Entreguem essa criaça por amor de Deus a quem a tem criado. Não façam sofrer um inocente.
Concordo contigo. Aliás a própria mãe biológica quer isso. Já reparaste que ainda ninguém ouviu a menina? Beijinhos
No debate da RTP na 2ªfeira passada ficou bem esclarecida a situação. E escudarem-se na Lei, para justificação da sentença,não é justificável. Há situações e situações e para isso temos juízes, para analisarem todos os elementos necessários a um julgamento desta natureza.Ainda bem que se formou um movimento pela entrega da menina aos Pais Verdadeiros -os de coração, porque tal como disse o Dr. Vilas Boas se ela esperasse pelo pai biológico já teria morrido de fome! Indignou-me imenso a forma como o advogado do pai biológico se referia à Mãe biológica da menina. Com um certo desprezo, como se até neste caso, o seu cliente fosse uma peça principal e ela secundária. "uma brasileira...(já não tenho a certeza se também invocou a falta de trabalho e residência)... o seu cliente fêz o favor de lhe fazer uma filha! E gostei muito da forma como ela justificou a entrega da menina ...o querer para ela o melhor e que não poderia de modo algum dar-lho.
Oxalá que tudo se resolva a bem, já que os Pais se arriscaram a fugir à justiça para evitar uma injustiça e a pequenita merece ser feliz com quem está disposto a arriscar por ela, a própria liberdade.
Beijinhos Madalena e desculpa este relatório...
(eu já dei o meu apoio em
http://petitiononline.com/gomes5/petition.html
Obrigada pelas visitas.
Também a minha avó dizia o ditado que criar é amor. Luh, vou muitas vezes ao Algarve. Um dia destes encontramo-nos, tá?
Maria, segui o teu link e também assinei.
Beijinhos!
Enviar um comentário