Nada disso! Mirandela pareceu-me uma cidade moderna perfeitamente encaixada numa riqueza patrimonial de pedra e rio, com muitas flores e muitas alheiras penduradas nas montras. E tudo fica bem com tudo, pareceu-me!
Ontem, Mirandela esteve nas páginas dos jornais pelas razões tristes das tragédias que todos os dias, de um modo ou outro, nos encardem a alegria de viver, de passear, de ver novos lugares, de sermos surpreendidos dentro do nosso próprio país...
"Pela primeira vez na história de 120 anos da mais bela e dramática linha ferroviária do país, morreram pessoas."
Encontrei hoje, nesta crónica do Público, o pensamento que eu sentia, mas que não conseguia alinhavar em palavras, talvez pelo embotamento que estas tragédias provocam sempre em mim. Li nestas linhas de Manuel Carvalho a minha incompreensão, a minha tristeza e o meu “choque”, porque se trata de vidas que são assim cortadas ao meio, ou nem isso. Muitas ou poucas, são vidas de pessoas tão iguais àquelas que eu amo e estimo. É a certeza da insegurança que pressentimos em quase todos os aspectos da nossa existência.
Ninguém se lembrara de anunciar, a tempo e horas, que a Linha do Tua está doente, muito doente. O jornalista até diz que está mesmo morta.
Ninguém se lembrou de ter cuidado, para evitar mais uma tragédia.
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Estas flores estavam em Mirandela, há menos de um ano. Voltarão como voltam as flores. Mas as vidas humanas estão irremediavelmente perdidas.
2 comentários:
Querida Madalena,
Não sei porquê, mas pressenti que este assunto te ia merecer um post.
Senti muito esta tragédia...porque revivi um trajecto feito semanalmente pelo meu marido,enquanto professor em Mirandela -5 anos e numa altura em que não havia a facilidade do acesso imediato ao carro,era o comboio o transporte utilizado para idas ao Domingo e regressos à Sexta-feira à tarde. Eu própria cheguei a fazer este trajecto quando num ou outro fim-de-semana os testes,etc, não lhe permitiam perder o tempo na viagem.A 1ªvez com o meu filho,com 18 meses e lembro-me que a carruagem onde íamos ia cheia de militares que regressavam para o fim de semana (era sexta-feira, já noite,estavamos no Inverno)) e foram uns queridos que me ajudaram a carregar o saco e o pequenote e dum deles me dizer-a senhora se vier de dia não olhe para baixo, porque tem cada precipício!...e tinha mesmo. Embora seja uma paisagem tão bonita a que se usufrui numa viagem destas...infelizmente a natureza não se controla e há que vigiar constantemente. Fica o nosso País mais pobre e quem já tão distante está, pior fica.
Beijinhos
M.Dores
Se este país fosse sério...
Também gosto de Mirandela, dei formação a alguns funcionários do Centro de Saúde e do Instituto Piaget há uns anos e passei lá umas semanas bem agradáveis. As flores fizeram-me lembrar como deve estar lindo o Algarve, com as poucas amendoeiras que sobraram ainda em flor!
Beijinhos
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