terça-feira, 11 de setembro de 2007

"Primeiros Conselhos do Outono"

Antero de Quental é um nome maior no pensamento português.
Para além da poesia, deixou-nos um legado de intervenção social superiormente lúcida.
O conteúdo desta vida excede o tempo que o poeta concedeu a si mesmo. A vida rebentou pelas costuras que cosem os seres comuns e os remendam à manta universal.

Ouve tu, meu cansado coração,
O que te diz a voz da Natureza:
- Mais te valera, nu e sem defesa,
Ter nascido em aspérrima solidão,

Ter gemido, ainda infante, sobre o chão
Frio e cruel da mais cruel devesa,
Do que embalar-te a Fada da Beleza,
Como embalou, no berço da ilusão!

Mais valera a tua alma visionária,
Silenciosa e triste ter passado
Por entre o mundo hostil e a turba vária,

(Sem ver uma só flor das mil, que amaste,)
Com ódio e raiva e dor - que ter sonhado
Os sonhos ideais que tu sonhaste!> -
Antero de Quental
Poeta, no dia de hoje, século e tal depois, o mundo continua hostil!


No intervalo da fita pesada que nos é oferecida, deixemos embalar o nosso pequenino desejo de felicidade pessoal ( e talvez transmissível, quem sabe?) ao som do Love Me Do dos Beatles, uma cantiga com 45 anos.
Longe, portanto, da idade da razão.

2 comentários:

125_azul disse...

Hostilidades não são para nós, só miminhos.
Caso ainda me esqueça, feliz regresso às aulas, agora em versão "menos professores mas mais alunos, isso é que são resultados..."

Luisa Hingá disse...

E eu como hoje, milagre, estou a conseguir comentar aproveito para desejar que Sejam Sempre Felizes.