Diz um artigo do Público, a propósito do Dia Mundial da Terceira Idade que hoje se comemora. São muitos, os velhos, em Portugal. Oitocentos mil.
(A jornalista usa a palavra idosos, mas eu não gosto. Prefiro velhos. Idosos nem sequer é um eufemismo: é uma etiqueta. É uma palavra sem afecto, sem valor para além do que significa, nua e cruamente, uma pessoa com "bastante idade". São, sim, pessoas que já têm muita vida e não muita idade.
Sei isto por experiência própria: eu estou "quase lá", por um lado, por outro, "vivo" o envelhecimento dos meus, especialmente dos mais próximos. E como me custa ver a saúde a fugir-lhes das vidas, lentamente ou não, para sempre...)
O Público pôs alguns destes muitos milhares a falar de um sonho possível e quase todas as respostas vão dar à dor, ou antes, a uma dor: à solidão, à doença, à falta de dinheiro para enfrentar os altos custos da idade, à fragilidade. Alguns, ainda têm força para sonhar um sonho realizável, como fazer uma viagem.
(Abençoado seja esse sonho que dá a esse homem ou a essa mulher mais esperança, mais tempo, mais vida...)
E a este propósito recordo Agostinho da Silva que se salvou da rótulo "Idoso" e da inevitável marginalização, por milagre da sapiência. (E de alguma irreverência, de que nunca abriu mão, eu acho!)
"Jornalista- Creio que o Professor Agostinho da Silva tem oitenta anos, não é?
A. da S.- Eu também creio.
J.- Oitenta anos é muita vida, são muitas vidas. Quais foram as fase mais marcantes da sua vida?
A. da S.- Todas. Todas foram extremamente interessantes para mim.(...)"
A jornalista é Antónia de Sousa e a entrevista chama-se, em livro, "O Império acabou. E agora?"Fotografias: Barca de Alva, berço de Agostinho da Silva.
3 comentários:
olá Madalena. comovi-me tanto a ler este teu artigo. Ia no terceiro parágrafo e os olhos já rasos de água. bem-hajas. bjs
miguel (innersmile)
A emoção da escrita e não menos emotiva a imagem!
Que lindo Madalena.
Beijinhos
M.Dores
A Barca de Alva pertence ao concelho onde tive a honra de ter nascido- Figueira de castelo Rodrigo.
E fico orgulhosa por falarem no meu patricio.
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