sábado, 29 de dezembro de 2007

Nomes e coisas assim

"Disse-lhe que certos povos, em África, acreditam que o nome guarda a essência do indivíduo, o seu futuro, o seu passado. Por isso têm um nome público e outro secreto, o verdadeiro, utilizando apenas em cerimónias secretas." José Eduardo Agualusa, in Fronteiras Perdidas
O problema dos nomes veio-me à ideia, a propósito do jantar de bloggers. Quase todos têm um nome blogosférico que, de algum modo, preserva de algum dissabor, ameaça, ataque quer da vida real quer da outra, da virtual, da second.
(E eu sei que há casos desses, embora a mim nunca nada do género me tenha acontecido, a não ser na vida real, ela própria.)
A opção do nick não significa distâncias de personalidade, neste caso. O que é visível nos bloggers, à "primeira vista", é mesmo o pensamento, o miolo, o que vai cá dentro. Bom, mau, pior ou melhor. É esse que sobressai. Haverá talvez na construção do blogger uma dose de desejo que o mundo cá fora não dá atenção e que neste mundo aparece como o nosso fato principal, o uniforme de gala.
(Quando os mais próximos (da vida real) me apontam certos defeitos, acusando-me de os esconder, ou não exibir na comunidade virtual, eu argumento com o desejo de ser melhor, que, ultimamente tomou conta de quase todos os meus outros desejos. A idade, isto é, a velhice, adoçou o meu pai, adoçou a minha mãe e eu espero que me adoce a mim também.)
Parafraseando o vendedor da banha da cobra: não estou aqui para enganar ninguém, nem para me enganar a mim mesma, por isso, optei pelo meu nome real, que herdei da minha avó, para além de um resto de verde nos olhos.
Continuando a paráfrase, não estou aqui para criticar ninguém e gosto tanto dos nicks que não consigo deixar de os usar, para lá da blog.
Aconteceu isso com a Chuinguita, com a Tangerina (Olá Renata!), com a Bette Davis, com o Molin e vai acontecer com a Azulinha e com os outros meninos e meninas que foram ao jantar. Não é por mal, sim?
Como eu expliquei à Aenima, eu também já tive um nick, no tempo do Pastilhas, do MEC. Era Supertia, por sugestão do meu sobrinho Pedro, sobrinho verdadeiro. Hoje quase me envergonho do nick que na altura me pareceu sugestivo e com enorme carga de gozo. Pensava que me ia divertir imenso e assumir uma supertia com dupla personalidade, resguardando a minha própria. Enganei-me de algum modo e fui ultrapassada pelo boneco. De repente, senti-me tia de verdade de uma série de sobrinhos de verdade. Afeiçoei-me à ideia e a aos sobrinhos que ainda hoje contam nos meus afectos. Entretanto, já na blogosfera, ganhei sobrinhos: a Pitucha, a Ti.
É que eu gosto mesmo de ser tia. Talvez por ter tido as melhores tias do mundo!
Elas gostaram de mim incondicionalmente e, mesmo nos piores momentos, quando eu dei uma dentada na minha prima, não senti que o castigo dado tivesse a ver com falta de afecto. Apesar de eu ser feiosa, elas enfeitavam-me, como se enfeita uma princesa, com bordados e laçarotes. Elas fadaram-me para ser feliz e, na medida em que consegui, a elas o devo. Obrigada, tias!

5 comentários:

calamity jane disse...

Já postei uma vez sobre este assunto. Quando adoptei o nick. DEpois envio-te o link para discutirmos o assunto. É tema q me fascina. Assim como vários outros em torno da blogosfera, um universo muito especial... Bom 2008

AEnima disse...

Feiosa? Es doida... com esses olhinhos cor verde-avela... ;)

Linda, tambem adorei te conhecer... foi um tempinho magico, muito especial, esse nosso jantarinho de convivio. Ja voltei a Invicta e ja tenho saudades.

Mil beijinhos,

E*

Nelson Reprezas disse...

Tenho testemunhas de quando te conheci, há mais de dois anos, te disse que tinhas uns olhos lindíssimos. Lembras-te? Está dito.
Beijinhos e bom ano

luis manuel disse...

São nomes e coisas assim... e olhos que encantam pela sua simpatia, e cor também.
Afinal, o que vai lá dentro, o miolo, juntou vontades e houve alegria partilhada.
Que floresca a alegria em mais um ano, que sendo Novo, pode trazer sempre um olhar diferente.
Um bom Ano de 2008.

Um grande abraço

eduardo disse...

Também eu tive antigamente um nick, Madalena. Precisamente no Pastilhas (edynet). E hoje, apetecia-me inventar outros que me pudessem por os meus olhos castanhos a brilhar juntamente aos teus. De verde e sonhos coloridos porque sei que estarás bem. Vou tentar fazer o mesmo: que o pensamento com que nos comunicamos seja o que nos vai na alma e coração. O resto, é apenas uma questão de coloração da pupila com que se olha os outros que nos rodeiam.

A mim, fica-me bem os castanhos. Muito seguramente, a ti, facarte-ão melhor os verdes, e nem que fossem azuis ou pretos gostaria de ti da mesma forma. Tam como se mudasses de nick.

Para mim é, e será sempre, Madalena. A Supertia do Pastilhas.

Um beijinho e bom Ano.