sábado, 4 de outubro de 2008

Bye, Dennis!

"Antigamente, eram os barcos. Brancos, azuis e furta-cores, com lanternas penduradas nos cintos dos homens que passavam nas cobertas. E aquém dos barcos: as ondas tinham outra maneira de quebrar, o quebrar de antigamente, se é que sabe ao que me estou a referir. Depois, os homens falavam alto e as mulheres ficavam grávidas, as gaivotas rasavam o cais, alisando a pedra, subindo subitamente, enquanto o Norberto afiava os mastros, virados para o céu, com a navalha que um dia se lhe cravaria na garganta. A navalha era do Norberto, até tinha as suas inicias no cabo, mas foi atraída, por obscuros motivos hipnóticos, para a mão do Toledo das Rondas."
in Discurso de Alfredo Marceneiro a Gabriel Garcia Marquez
E agora, Dennis, quem é que nos vai explicar esta Lisboa.
Que as ondas quebrem hoje à moda de antigamente, que até está vento e é mais fácil para elas chorarem-te às escondidas. Só as gaivotas tuas conhecidas saberão o porquê. Talvez também o saiba o "homem vestido de preto, com chapéu musical, sapatos poéticos, lama nos colarinhos, uma harpa ao ombro e um colete que seria laranja, se trouxesse colete"... Ilustração de Fátima Vaz

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