quinta-feira, 21 de maio de 2009

Prémios à séria!

Há um texto de Vitorino Nemésio em que ele conta como só ele bem se lembra, o seu exame da quarta classe. Foi uma distinção, pois foi, mas não foi nos olhos dos professores examinadores que ele sentiu essa distinção.
(Imagino um grupo de pessoas com máscaras sinistras, mais sinistras que as que examinaram o Vasquinho da Anatomia, que afinal sabia o que é o esternocleidomastoideu!)
Foi nos olhos do seu amigo, aluno fraco mas cheio de garra nas coisas da vida, tais como traquinices e namoradas, que o grande (à data, pequeno!) se sentiu verdadeiramente distinto!
Foi também nos olhos da Margarida que eu me senti a grande vaidade da Tia Árvore! Ela tirou o livro da mochila e disse com uma inocência que só se tem aos dez anos, um gesto que galardoou verdadeiramente a minha condição de professora: Eu tenho o "seu" livro! Hesitámos, eu e ela, sem saber o que fazer com aquelas emoções à frente da turma, apesar de todos saberem da existência da Tia Árvore. Eu desfolhei o livro como se não o conhecesse e entreguei-lho. Ela começou a guardá-lo. De repente, como se alguma coragem tivesse de repente assaltado o seu gesto e a sua vontade, entregou-mo novamente, aberto nas primeiras páginas e pediu-me para escrever "ali".
Obrigada, Margarida, talvez um dia venhas a saber o verdadeiro "´prémio Nobel" que me entregaste com aquele teu gesto!

1 comentário:

Luisa Hingá disse...

Madalena obrigada pelos beijinhos. Fizeram-me bem.
Estás melhor?
Beijinhos
Luísa