sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Leia-se o pensamento de Sena...

... que chega hoje ao país que lhe deve a guarda desse sentimento de ser português, no limite de todas as verdades, quando nada mais lhe restava senão a própria liberdade de pensar e dizer essas verdades.
Nas cartas que escreveu a Sophia podemos ler a inquietação sossegada de quem nada espera. "Soube-me sempre a destino a minha vida", diz o poeta.
Prestemos-lhe a justa homenagem, no dia em que se cumprem trinta anos da sua morte.
"Nunca imaginei que a P(IDE). se tentasse com os meus autógrafos... Resta-nos a consolação de pensarmos que ficaram sabendo o que já sabiam ou o que até bom seria se soubessem. A minha posição política continua inalterável: não tenho e não terei nunca ( a menos que me filie em mim mesmo), filiação partidária. Penso que a unidade de todos é a suma necessidade; mas reconheço que é impossível lidar com a mediocridade invejosa, que é a dos nossos políticos, desde a clandestinidade em que mesmo no exílio se comprazem os comunistas, até ao Palácio de São Bento. Cada vez mais penso que Portugal não precisa de ser salvo porque estará sempre perdido como merece. Nós todos é que precisamos que nos salvem dele. Mas sabe que não há maneira fácil? Eu, por exemplo, tenho feito por comportar-me como brasileiro em tudo, o que a minha vida oficial me impõe aqui: eu sou Funcionário do Estado, assessor do Ministério da Educação (constará aí que se me deve que a Literatura Portuguesa seja obrigatória em todos os cursos superiores de Letras?), figura pública de mérito reconhecido. Isto sem abdicar de ser o português, que ninguém é mais do que eu. Pois só consigo ser suspeita todo o mundo: aos olhos dos "exilados" porque me abrasileirei, quando eles se recusam a tomar conhecimento do país em que vivem e do que vivem; e aos brasileiros (não aos meus amigos, é claro), porque sou um agente temível de "portugalidade".

3 comentários:

Graça Pereira disse...

A cronista homenageando o nosso Jorge de Sena que foi trasladado hoje! O nosso país é curioso: com pompa e circunstância enterram-se os ossos; com raiva e desprezo, comem a carne!!A tempo e horas, não se dá valor a quem o merece. Estranho país o nosso. Mas gostei da iniciativa da brilhante jornalista/escritora, sempre "à la page" como se pede a uma boa profissional das letras. Um beijão e bom fds Graça

Graça Pereira disse...

A cronista homenageando o nosso Jorge de Sena que foi trasladado hoje! O nosso país é curioso: com pompa e circunstância enterram-se os ossos; com raiva e desprezo, comem a carne!!A tempo e horas, não se dá valor a quem o merece. Estranho país o nosso. Mas gostei da iniciativa da brilhante jornalista/escritora, sempre "à la page" como se pede a uma boa profissional das letras. Um beijão e bom fds Graça

Carlos Gonçalves disse...

Madalena, passei por aqui porque a Graça, no seu blog 'Zambeziana', nos deu a honra de distinguir-nos como dos 10 blogs da sua preferência.
Não te conhecia, gostei do que li, gostei de ti, vou conhecer-te melhor nas próximas passagens.
Esta homenagem à memória de Jorge de Sena, é a reparação dum erro em que, infelizmente, somos pródigos, veja-se o exemplo de Aristides Sousa Mendes, para não citar outros.

Um beijo para ti.

Carlos Gonçalves