terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Those were the days...

Arrumações em dia feriado. Um clássico!
Só que as arrumações não são inócuas.
(Ou "inoques" como diz o texto do Vitorino Nemésio, palavra que levou a tribunal dois homens bons, reconciliados pelo juiz que percebeu a proximidade da palavra arguida!)
As arrumações trazem-nos aos olhos e à pele um tempo que é nosso, tão nosso que só dentro de nós parece fazer sentido.
Quem é que se interessa com a nossa juventude guardada nos cabelos brancos da nossa mãe? Nos nossos próprios cabelos brancos? No olhar sedutor de um jovem pai que já partiu?
Numa gaveta encontrei a minha caderneta do liceu. Lá está o registo das minhas "glórias" e dos minhas "fraquezas". AS notas de Ciências são a nódoa maior. Há por lá um sete que por sinal até está inflaccionado, pois menos do que sete nem dava para ir a exame. É que os pombos abertos ao meio em cima de uma bancada fria não conseguiam atrair a minha atenção. E a mineralogia então era o tédio mais absoluto. Sistemas de cristalização. Fugi a sete pés de um curso de Ciências por causa destes sistemas e outras classificações horrendas. Horrendo não era para mim o Adamastor. Até simpatizei com o Mostrengo que desaba em dor, ao contar a sua história de amor! A minha glória maior era, sem dúvida, a Matemática. Era simples. Mas o meu Muito Bom vinha sempre depois do Muito Bom das meninas exemplares. Como eu hoje entendo este critério das professoras! Como foi difícil para mim, na altura, lidar com as minhas insuficiências! Faltava-me o jeito para cantar, para dançar, para fazer ginástica, para desenhar... parecia que todos os talentos me faltavam. Nunca ninguém educa ninguém para o fracasso, para o insucesso. Só mesmo a Vida!
Nestas coisas de arrumações, apetece-me deitar tudo fora, mas hesito, pois sei que agarrada vai a própria vida, embalada nas recordações mais diversas...
Lembro-me sempre da cantiga popularizada por Mary Hopkins: Those were the days, my friend... We thought they'd never end...

13 comentários:

Gatapininha disse...

Oi Madalena
Não te invejo as arrumações, mas também passei a tarde de volta de uma ficha:(
jokas

O Baú do Xekim disse...

Olá Madalena.

Boa Noite.

Velhos e bons tempos.

Beijinhos e boa quarta-feira.

IC disse...

Madalena, tens um convite/desafio natalício no meu cantinho ;)
Beijinho grande.

Natália Fera disse...

Olá Madalena
Tanta coisa que se encontra com as arrumações,vemos sempre aquele papelinho,aquela foto que já nem nos lembrava-mos,e é tão bom recordar,e quando encontramos aquelas fotos que se mostra aos filhos e eles desatam a rir por causa das roupas e dos penteados.
Beijinhos e boa noite.

As melhoras da tua mãe,e um beijinho para ela.

Graça Pereira disse...

Porque será que, quando chegamos a Dezembro temos todos tendência para as arrumações? Penso que as fazemos numa "espécie de balanço", não será?
E encontramos verdadeiras preciosidades: como a tua foto!Julgo ser a tua comunhão e os teus pais elegantemente vestidos...Antigamente a vida era mais bonita pela simples razão da importância que lhe dávamos.
Um beijo amigo
Graça

Natália Fera disse...

Bom dia Madalena.
Tudo de bom para ti e para a familia,mas o tempo hoje está muito enfarruscado,vá lá deixou o pessoal gozar o feriado com solinho,não foi nada mau.
Beijinhos

Teresa disse...

Olá, Madalena, andaste a arrumar a casa e a alma, é o poder das arrumações, vão-nos onde se sente mais, às memórias, à compreensão de coisas que, na altura, não soubemos interpretar da melhor forma.
Enfim... também ando a arrumar, como diz a tua amiga Graça, Dezembro é o mês-rei desta actividade. Estou a tentar deixar ficar só o que realmente interessa porque sempre fui dada a guardar tudo e mais alguma coisa e, perante tanta tralha, um dia a minha filha deita tudo fora. Assim, se for pouca coisa, talvez ainda tenha algum valor.
Muitos beijinhos e votos de que a tua mãe esteja bem.
TeresaP

EP disse...

Olá Madalena

Já vi que andamos todas numa onda de arrumações, a mim calhou-me o fim de semana passado.
A sua Mãe está melhor?

Espero que sim.
Beijinhos

IO disse...

Lindo!, eu como nem comprava o livro de Ciências Naturais, o facto de ser a melhor aluna da turma a Matemática nunca permitiu que me dessem mais que 16 na cadeira dos MB... A foto é a da comunhão?, eu fi-la na igreja que dava gozo trepar com sapatilhas, a da Polana.
beijo grande,
Mad',
IO

Natália Fera disse...

Olá Madalena.
Está tudo bem?
A Mãe está melhor?
Beijinhos.

Anónimo disse...

Madalena
Um texto precioso, tal como as memórias, resgatadas anos depois numa tarde de Dezembro. Balanço?? Acho que é mais um exercício de reivindicação das emoções, dos cheiros e sabores da nossa vida já ida.
Um beijinho
TeresaM

Unknown disse...

Querida Mada, arrumações dessas só mesmo no sótão, onde deposito td durante o ano lectivo e depois em Agosto vai td. para o lixo. Parece q te estou a ouvir: Ainda és mt. nova p recordares : ). Bj. Miss you...so much!

Unknown disse...

Qm me dera ser assim nova, Mada...sabes já vou recordando, se digo q n, é só p me defender!