sábado, 24 de abril de 2010

O que é doce...

Doce, era o sabor das tangerinas que nasciam ali à frente dos nossos olhos, no quintal da minha avó, desafiando-nos o desejo, mesmo quando a altura da árvore parecia impor muito respeito.
Doce, era o som das conversas, quando à tarde as mulheres da casa se juntavam no quarto da costura. Dali saíram os mais belos bordados, muitas rendas e muitos vestidos e bibes que enfeitaram a nossa infância.
Doce, era aquele o momento em que a minha tia esperava pelo meu tio, ao portão, para lhe dar o beijo da chegada. Só ele e só ela. Como viviam todos juntos,tios e avós, a intimidade que conseguiam ter neste breve instante era um luxo. Um dia, fui ter com a minha tia e ela disse-me: Sabes, o casamento é muito bonito! Doce, foi este testemunho!
Doce era o respeito pelas tradições da casa: as refeições, o lugar à mesa e a hora do folhetim.
O que é doce... diz o povo...nunca amargou.

6 comentários:

Anónimo disse...

Doce és tu. Doce é a tua memória. Doce é a tua escrita, doce doce é essa estória de vida. Obrigada por teres feito o meu sábado ... mais doce! Bjs. Manana

Madalena disse...

Doce foi retomar, de consciência plena, o sentido da vida, há dois anos. Regressar do Reino do Nada, para onde foi imperioso viajar e ter-vos à minha espera. E tu também lá estavas! Beijinhos. (Faz hoje dois anos!)

Gatapininha disse...

Olá Madalena
O doce é que fica na nossa memória.
Deixa lá o amargo no passado, que está muito bem!

Jokas

Lina Querubim disse...

Bonito!!!
É bom recordar o passado onde ouve passagens "doces" beijinhos e bom domingo!

Trintinha disse...

E ainda bem que nunca amargou... É porque é mesmo doce! E mais doce fico eu com estas memórias tão doces que só podem ser escritas por uma pessoa com tamanha doçura de coração e de... alma!
Um beijinho grande, Madalena.
Adoro estas doçuras....

Unknown disse...

É verdade, o sentido da vida nasce depois de um susto. Como tudo se torna muito mais bonito ou fútil...