sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O que o tempo nos faz!

As coisas não têm idade e no entanto sofrem-lhe os efeitos.
Este é apenas um pormenor, um detalhe, da velha estação de comboios do Montijo.
O ferro garantiu a resistência. O pior efeito visível a olho nu é a ferrugem.
Há também a irregularidade de uma tinta já muito ida, já muito apagada.
O telheiro da velha estação encontra-se com os pilares que o suportam, nestas aplicações de ferro forjado e trabalhado, à luz de uma estética que o tempo também devorou.
A humidade da chuva, sovada pelo vento impiedoso de muitos invernos, também deixou as suas marcas, como as bexigas salpicam de covas os rostos mais belos.
Efeitos do tempo. Apenas? Não. Efeitos do tempo e do abandono!
Connosco também é assim!

7 comentários:

Nela disse...

Que a nós se veja só o passar do tempo e não o efeito do abandono!

Guida Palhota disse...

Concordo com ambas. Desejo como a Nela. E admiro os sinais dos tempos como marcos da evolução, das modas, dos gostos...

Beijos

th disse...

Ao contrário das "coisas" é a nós que compete sabermos envelhecer, com dignidade, não deixando de cuidar do corpo que nos foi dado...

Um beijo cá da velhota...lol

Graça Pereira disse...

O passar do tempo no nosso rosto, dá-lhe até uma certa dignidade. Cada ruga tem a sua história!
O ar de abandono é triste, sem alma, sem côr.
Beijo
Graça

eduardo disse...

Vivências diárias, minha querida Madalena.

Já eu, é mais o gradeamento do Jardim Zoológico onde passava à borla entre aqueles ferros murados onde a minha cabeça cabia.

Estádio da Luz! Entrava-se com um pedido de "deixe-me entrar consigo" ao senhor que estava mais à mão e nos merecia confiança, pelas portas que necessitavam urgentemente duma pintura.

E naquela altura, onde havia mais respeito pelas crianças pobres como eu, lá ia ao Coliseu dos Recreios. Ver o Circo e os palhaços. Bastava esperar pela descarga das feras. Do material trapezista. Da sonoridade e dos anões. Dos artistas de cara pintada a sete cores. E esgueirava-me entre todos eles como uma caixa de cartão para "ajudar".

Depois veio a idade do cinema de reprise. E não tinha os vinte e cinco tostões obrigatórios para o ingresso. Fácil; a "ferrugem" dos montadores do Cenório à uma da tarde, pedia ajuda dos miúdos mais afoitos. Carregar caixotes, lâmpadas, bobines e mais bobines. E lá estava eu depois até me cansar de tanto cine.

Segui-se o Cais das Colunas, o Cais do Sodré e os marialvas dessa altura, o Parque Mayer e os personagens que faziam de nós os seus maiores fãs, o Bairro Alto e os fadistas, a Portugália com uma imperial bebida à pressa e sem pagar. Tudo quase à borla e sem ferrugem. Até na primeira ida às p....(!) com a malta da rua que era mais velha.

Mas como bem recordas, as coisas não têm idade. O importante mesmo é não nos deixarmos toldar pelo cinzentismo que a nossa idade teima em nos impôr. Isso não, Madalena!

Recorda sempre tudo com as cores garridas que a velha estação de comboios do Montijo tem para ti.

Como igualmente, os tons diversos e coloridos das coisas boas que viveste.

Permite um beijo de amizade deste tipo que te estima. Muito.

Thita disse...

Volta e meia, e quando tenho um bocadinho na Net, costumo seguir o meu avô. Nunca me dei mal.

E vendo e lendo os comentários d@s amig@s aqui neste cantinho onde se está bem, não deixo também de imaginar-me com o passar dos tempos. (ainda só vou a caminho dos 17 e foi num ápice que os adquiri nos blogs)

Ficarei rabugenta? Danos colaterais que a psicologia nos ensina que podem acontecer? Nã...

Como frisou a th, "compete a nós envelhecer com dignidade".
Até diria mais: gente inteligente não envelhece facilmente. (olha, fiz um verso, hihi...)

E, minha querida Professora Madalena, deixe que lhe diga; ao abandono nunca estará! Pelo menos enquanto eu andar por aqui.
Porque também terei lá mais p'ra frente a minha estação de comboios como destino.

Imagem gravada em todas as cores, versão HP com definição 3D, para mostrar orgulhosamente aos meus futuros filhos a minha passagem pela Vida.

Um beijinho.

Trintinha disse...

Olá, querida Madalena!
Que o abandono nunca faça parte de nós, como coisa definitiva...
Que possamos, de mão dada com o tempo, abandonar as coisas más e garantir as boas...
Fosse tudo tão fácil... Não é, mas vale a pena sonhar um pouquinho...
Um beijinho, querida Madalena! Com muito sol ;)