domingo, 21 de fevereiro de 2016

Querido papá!

Cumpre-se hoje mais um ano de ausência, de falta. Mas os teus quadros falam por ti, dão respostas a inquietações milenares, como "Onde estás?".
 Eles respondem: estou aqui!
E estás mesmo. Está ali a tua ideia de um recanto que te "apeteceu" e esse recanto é parte de um todo, É  o símbolo do teu contributo para a vida. 
O belo!
O belo foi a tua linha de horizonte sempre! Mas, se, por acaso, o vislumbravas numa vereda, num atalho, esse seria o teu caminho. 
Ensinaste-me a amar a expressão estética e se não sei pintar, nem dançar, nem cantar como tu, sei ler os versos de Reinaldo Ferreira, com o mesmo deslumbramento. 
Devo-te a minha construção cultural, devo-te a ousadia de pensar e dizer o que penso. Não vou acrescentar o clássico complemento "doa a quem doer" porque isso não tem sido assim. Tenho um reduto de seres que não quero magoar e só o faço, por falha, culpa e pecado. 
Em termos afetivos, o "tu cá, tu lá" ajudou muito a perceber que eu não tinha que ser igual a ti mas podia receber com mãos abertas a tua experiência de afetos e refletindo sobre eles partir para a minha vida. Falámos sempre como dois amigos. Houve situações em que te levei a melhor, mas tu não sucumbias com facilidade, mesmo quando a "derrota" te punha a sorrir porque a minha vitória representava o teu sucesso na minha educação. 
Estás a ver que estamos a conversar?! Por isso é que eu digo que não foste embora e que andas por aqui...
Hoje vou ler um poema de Reinaldo Ferreira, escutar um "Villaret", recordar-te. 



2 comentários:

miguel disse...

este texto não é só bonito, é bom. obrigado, minha querida Madalena, por me deixares partilhar a ternura intensa dos teus afectos.

Madalena disse...

Eu digo o mesmo de ti! E agradeço com a mesma intensidade! Os nossos pais continuam por aqui, sem dúvida. E se não me engano também se imortalizaram nos versos do poeta que nos ensinaram... Beijinhos, querido Miguel!