segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Dia do professor

"Sou professora! Fui professora! 
Não sei e não consigo decidir qual o tempo verbal.
Comecemos pelo passado, pelo fui....
Fui professora a sentir-me a aprender muito, tanto, todos os dias, porque precisava de aprender para ensinar e as aprendizagens entravam no meu pensamento como "o sol por um vidraça", para usar a comparação de Eça. 
Fui professora com uma juventude que me refrescava constantemente a memória dos meus dias de mais menina, produzindo toneladas de cumplicidades que se ficavam por ali, pelo meio, entre os treze anos deles e os meus vinte e três.
Fui professora em dias de liberdade acabada de nascer.
Foram tempos inesquecíveis para quem os viveu  com todos os sentidos ligados no botão "on",  aguentando trabalho, barulho, confusão, prazer e liberdade. 
Tudo! Até o sonho de ter filhos e de os criar, transmitindo-lhes, desde o primeiro dia, os ideais que nos guiavam a vida. 
E mesmo depois de passar a euforia, fui professora. 
Fui professora mãe. Em cada aluno eu via um filho. Porque todos os alunos são filhos de alguém e sempre alimentei a esperança de estar à altura de receber esses filhos de outras mães, como eu queria que recebessem os meus filhos.
Os tempos foram mudando. O sol arrefeceu. Ou talvez não. Pode ser que até tenha aquecido porque passou a fazer mal à pele. Os meus filhos cresceram e, finalmente, envelheci. No Bilhete de Identidade, nos cabelos e um pouco por todo o corpo. Mas cá dentro de mim e dentro da sala de aula, talvez por magia,  a "aula acontecia" (Sebastião da Gama/ Diário).
Fui professora de sala de aula sempre.
E (talvez não devesse dizer isto) divertia-me tanto.
Mas houve um dia que me tiraram deste palco, que me interromperam a minha peça de teatro, o meu filme, que me impingiram personagens cinzentonas carregadas de papel, que me violentaram o prazer de ensinar/aprender. 
Nesse dia "morri" no palco.
Fui professora, portanto! Não é possível trazer para casa a sacada de momentos que me encheram a alma de alegrias várias.
Mudei de vida! 
Já não sou professora e esta verdade não me dói."



Sou professora! Fui professora!
Não sei e não consigo decidir qual o tempo verbal.
Comecemos pelo passado, pelo fui....
Fui professora a sentir-me a aprender muito, tanto, todos os dias, porque precisava de aprender para ensinar e as aprendizagens entravam no meu pensamento como "o sol por um vidraça", para usar a comparação de Eça.
Fui professora com uma juventude que me refrescava constantemente a memória dos meus dias de mais menina, produzindo toneladas de cumplicidades que se ficavam por ali, pelo meio, entre os treze anos deles e os meus vinte e três.
Fui professora em dias de liberdade acabada de nascer.
Foram tempos inesquecíveis para quem os viveu com todos os sentidos ligados no botão "on", aguentando trabalho, barulho, confusão, prazer e liberdade.
Tudo! Até o sonho de ter filhos e de os criar, transmitindo-lhes, desde o primeiro dia, os ideais que nos guiavam a vida.
E mesmo depois de passar a euforia, fui professora.
Fui professora mãe. Em cada aluno eu via um filho. Porque todos os alunos são filhos de alguém e sempre alimentei a esperança de estar à altura de receber esses filhos de outras mães, como eu queria que recebessem os meus filhos.
Os tempos foram mudando. O sol arrefeceu. Ou talvez não. Pode ser que até tenha aquecido porque passou a fazer mal à pele. Os meus filhos cresceram e, finalmente, envelheci. No Bilhete de Identidade, nos cabelos e um pouco por todo o corpo. Mas cá dentro de mim e dentro da sala de aula, talvez por magia, a "aula acontecia" (Sebastião da Gama/ Diário).
Fui professora de sala de aula sempre.
E (talvez não devesse dizer isto) divertia-me tanto.
Mas houve um dia que me tiraram deste palco, que me interromperam a minha peça de teatro, o meu filme, que me impingiram personagens cinzentonas carregadas de papel, que me violentaram o prazer de ensinar/aprender.
Nesse dia "morri" no palco.
Fui professora, portanto! Não é possível trazer para casa a sacada de momentos que me encheram a alma de alegrias várias.
Mudei de vida!
Já não sou professora e esta verdade não me dói.
 — com Adilia Manteigas e 2 outras pessoas.

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