terça-feira, 13 de julho de 2004

Indignação!

Este artigo de opinião indignou-me.
Respondi assim:
Exmo. Sr. Jornalista
Como professora senti-me muito mal tratada pelas suas palavras, por muitas razões, ou melhor, por tudo o que diz na sua crónica.
Primeiro, cometeu o lamentável erro de agarrar a opinião de um só professor "distinto membro da classe docente" de um só nível de ensino "do ensino secundário". E mesmo esse, que provavelmente foi mais sincero do que muitos profissionais de outras áreas, não recebeu tratamento condigno.
Os professores não servem só????? (Não servem????) Podia ter arranjado outro verbo, mas servem na acepção de ter alguma utilidade, parece-me pouco, para quem tem a seu cargo a formação integral das pessoas, dos alunos, enquanto pessoas: crianças, meninos, meninas, jovens adolescentes. Sabe que os professores, em especial os Directores de Turma, são responsáveis pela ligação entre os vários intervenientes no sistema educativo: aluno, escola, professores e família. Acredita? Não tinha pensado nisso?
Basta ser Encarregado de Educação para valorizar um pouco mais o professor Director de Turma.
As férias, caro cronista, no caso dos professores têm uma limitação temporal cada vez mais rigorosa. Tanto que não se compadece com o direito que tem qualquer marido ou mulher de gozar férias em família com o outro cônjuge, se a profissão não for a mesma.
Os funcionários administrativos têm as tarefas definidas no que respeita a alunos, mas são complementares e uma não dispensa a outra. E isto é verdade para todo o ano lectivo e não tem apenas a ver com tempos de férias.
As férias, caro cronista, já não são o que eram quando os professores " se interrompiam" de toda a realidade escolar, o que era possível porque só chegavam até nós alunos com todos os requisitos para o sucesso. Os "difíceis" iam trabalhar ou eram encaminhados, conforme os dinheiro dos pais, para colégios particulares ou outras instituições que lhes tratava "da alma e do coração". Agora, somos nós que o fazemos, em colaboração com outras equipas de ensino especial, onde o amor à crianças problemáticas marca todas as diferenças. Outras equipas e outros profissionais do sector, os auxiliares de acção educativa, por exemplo.
E não me vou prolongar em argumentações. Bastava-me convidá-lo a visitar a minha escola e talvez dissesse, sem essa ironia que lhe fica tão mal, que os professores merecem o Reino do Céus, mas antes disso o respeito dos outros e o reconhecimento do cidadão que, já agora, também fica bem.

Será que a sociedade continua a ver em nós pessoas que servem para... e não pessoas que servem ?

Quero acreditar que não!

4 comentários:

Madalena disse...

Eu também tenho muitas saudades tuas!!!!
vem cá buscar a dose de beijinhos. Dose e meia? Tá bem, vá lá!!! Tens é que deixar alguns para os teus primos, sim???

eduardo disse...

Interpretações diferentes do verbo servir, é o que é.

molin disse...

É o que dá ouvir uma só versão e escrever um artigo de opinião como se fossem donos do mundo e da verdade.

Emilia Miranda disse...

Será que este senhor sabe o que é um professor?
Será que este senhor está interessado em saber o que é um professor?
Será que este senhor alguma vez conheceu um professor?
Será que este senhor está interessado em conhecer um professor?
Será que este senhor sabe o que é uma escola?
Será que este senhor está interessado em saber o que é uma escola?
Será que este senhor alguma vez entrou numa escola?
Será que este senhor está interessado em entrar numa escola?