quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

Hoje a poesia...

Chega na memória de Florbela Espanca, que nasceu e morreu a oito de Dezembro.
1894-1930



SE TU VIESSES VER-ME...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


A mais triste de todas as mulheres tinha 36 anos quando morreu.
Foi uma vida breve, diremos nós, os que ambicionamos viver mais.
Mas para Flor d’Alma a vida curta foi longa de sofrimentos. Deixou-nos o legado da sua poesia e a certeza de que “ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens”.
Terá alguma vez saciado “a sede de infinito”?

2 comentários:

virna disse...

Os intensos morrem cedo.
Hoje é aniversário da morte de John Lennon também. Assassinado em 1980, aos 40 anos.
Um beijo,
Virna

eduardo disse...

“Plena de contrastes é a poesia de Florbela, religiosa e pagã, de afirmação narcísica, e de despersonalização, contrastes que não resultam aliás de virtualidades exploradas poeticamente, mas de vivências intensas.”

Urbano Tavares Rodrigues