Recreio

Cinda, tens aqui uma das bonecas de que falas.
E muita roupa!


E que tal um livrinho dos Cinco?

E há sempre um carrossel na nossa lembrança, não é? Muita volta, muito sobe e desce e eles mantêm o mesmo apelo à fantasia, ao sonho, se é que ainda é possível sonhar!
A vida também não pára nesse carrossel.

No quintal da minha avó, subíamos às árvores, para apanharmos tangerinas.
O quintal da minha avó foi, sem dúvida, o melhor parque de diversões onde brinquei!
Logo à entrada da casa, a ladear a escadaria de tijolo vermelho, havia um limoeiro muito imponente, que dava limões enormes e de casca muito grossa.
Comíamos os limões às rodelas com sal. Era a nossa guloseima!
Esse limoeiro tinha sobrevivido a um raio que lhe tinha atravessado o tronco. Se era verdade ou lenda, já não sei, mas nós, eu e as minhas primas, olhávamos para ele com respeito.
Do outro lado, paredes meias com a capoeira, havia uma sombra sempre boa de um abacateiro.
Aí podíamos brincar de modo mais tranquilo. Nem as galinhas nos incomodavam, nem interferíamos na lida da casa.
Dentro de casa também se inventavam diversões, até na imensa casa de banho, onde a banheira e o bidé eram peças amovíveis.
Um dia, a cavalgada nesse bidé de esmalte, muito alto, que coberto de almofadas fazia perfeitamente de cavalo, acabou mal. Um braço partido, cujas dores ainda recordo.
Um mês de gesso e braço ao peito, o que também, passadas as dores, não era mau: funcionava como uma condecoração de honra e mérito, por brincadeiras talvez menos seguras, indiciando uma coragem e atrevimento que eu nunca tive.