Os esteiros existem e o Gineto também.
A personagem inspirou-se na vida dos miúdos pobres, que viviam em Alhandra e em Baptista Pereira, o português que atravessou a nado o Canal da Mancha.
A vida valeu ao natural dos Esteiros estas duas glórias: a travessia difícil, uma proeza da natação que aprendeu no Tejo, quando por necessidade ou por instinto, se atirava ao rio e o atravessava margem a margem, bem como ser inspiração dum escritor, para uma obra literária de vulto.
O Gineto menino, aos sete anos levado pelas orelhas, pelo pai, a um capataz, nadava para a liberdade.
A nadar, voava para a outra margem do rio, onde se entendia melhor com os toiros bravos do que com os homens do Telhal Grande, que, de linguagem, só conheciam a força bruta dos gestos e das palavras.
Nas páginas de Soeiro pereira Gomes, as primeiras “imagens” da Feira devolvem-nos um Gineto quase criança, “Ainda não era o Gineto ladrão”, na fantasia do carrossel, com cavalinhos de patas no ar, “galos de crista alta”; ou então, um Gineto quase adolescente, na fantasia da Rosete.
“Olhava sem ver, porque para ele a feira era a Rosete.”
Revelam-nos um Gineto generoso, que paga uma voltinha ao seu amigo Gaitinhas, que lhe agradece com a alegria que a música do carrossel lhe deixou nos lábios: “Obrigado, pá”.
Depois há a gaita de beiços, que o Gaitinhas tanto queria ter. Mas não tinha dinheiro, senão até comprava. O Gineto surrupiou-a e ofereceu-lha, com toda a dignidade que o acto de oferecer deve ter.
Gineto nasceu em Alhandra a 7 de Março de 1921.
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