sábado, 7 de maio de 2005

O carteiro

Nem a todos é concedido distribuir vidas todos os dias, transportar amores e desamores, para lá e para cá.
Nem a todos, mas ao carteiro, sim!
Deixa assim a profissão de ser uma qualquer, menor e mal remunerada, para ser uma condição, em que só poucos se podem incluir.
7 de Maio de 1800 - O Superintendente-Geral dos Correios de Portugal, José Diogo de Mascarenhas, criou o lugar de "portador", hoje designado por carteiro.
Foi esta efeméride, que me trouxe à cabeça e às teclas o outro carteiro, o de Neruda, o de Skármeta.
"O carteiro de Pablo Neruda"! Como eu gostei de ler esse livro!
Gostei tanto do livro que não cheguei a ver o filme, não fosse aquela emoção imaculada degenerar em conclusões, definições e coisas assim muito certinhas que são certas, apenas certas, literariamente correctas para abusar do chavão do correcto.
Até apetece dizer como o herói de Skármeta: "Poça! Como eu gostava de ser poeta!", ao que o poeta, Neruda, claro!, respondeu que é muito mais original, no Chile, ser carteiro do que poeta.“Pelo menos andas muito e não engordas.”
Aqui está um argumento que já não é.
Eu ainda sou do tempo do carteiro a pé e do carteiro de bicicleta, com uma buzina a fazer-se anunciar...
sépia cartas

5 comentários:

Anónimo disse...

O livro que apesar de tudo me marcou mais foi o Confesso que Vivi,além dos Vinte poemas de amor e uma canção desesperada.Acho que de certa forma tem a ver com a fase da vida em que estamos quando lemos uma obra.Os carteiros que me desculpem,com todo o respeito que tenho por eles,mas o Neruda merece todas as homenagens do mundo.Não só pelo legado literário,mas pelos tantos espanhois que ele salvou da morte na guerra civil de Espanha e pelo que fez pelo Chile.
Beijinhos
ana

Menina Marota disse...

Gostei de ler este texto. Estamos sempre a aprender.
Abraço :-)

t-shelf disse...

pois infelizmente agora de bicicleta só o amolador. E dá-me cá uma nostalgia quando ouço o trinar da gaita do amolador.... parece um som vindo de outra era, de uma dimensão paralela onde as memórias de infância prevalecem. Beijinhos madalena obrigada pelos teus recuerdos

Anónimo disse...

Madalena, eu não acredito que não tenhas visto o filme!?... vai ver, se não gostares, diz-me que eu pago-te o bilhete do machimbombo e o do cinema!, beijo espantado, IO.

Anónimo disse...

Madalena
Por qualquer razão que já me escapa, vi o filme antes de ler o livro. Adorei ambos. Não deixes de o ver... é uma delícia.