sábado, 4 de junho de 2005

O dia quatro de Junho

Aquele senhor que desde a infância me conhece
Com que direito se enternece
Quando me vê?
In Poemas, de Reinaldo Ferreira

Registo de saudade em dia de aniversário!
4 de junho
O meu pai, esse “senhor que desde a infância me conhece”. E “com que direito se enternece/ quando me vê”! Foi em conversa com o meu pai que levei a cabo a habitual pesquisa, para elaborar uma pequena nota biográfica do autor (Reinaldo Ferreira). Há poucos dias. Pedi-lhe que me dissesse tudo o que sabia. Falou-me do grupo de amigos, em Lourenço Marques, das tertúlias dos café Scala, Continental, da letra da Casa Portuguesa, escrita num guardanapo de papel, no Girassol, da letra de um fado que trouxe da Metrópole (dessa Alfama que me chama/ trago a chama que se chama/ sentimento e emoção) da doença, cancro do pulmão, que aos trinta e sete anos o levou, e da obra que no ano seguinte foi publicada. Referiu Eugénio Lisboa e o Dr Fernando Ferreira, amigos que trataram de “dar” o poeta ao mundo. Falou, inevitavelmente, no pai, outro Reinaldo Ferreira, o Repórter X. E disse versos. “Mínimo sou/ Mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade/ O Nada é só o resto”
Só faltam as datas: nascimento em Barcelona, a 20 de Março de 1922 e morte a 30 de Junho de 1959, em Lourenço Marques.

Este é um excerto de uma crónica publicada no jornal do Montijo, A Nova Gazeta, há quatro anos.
Recordo a conversa sobre o Reinaldo Ferreira, os três sentados, a lanchar, na mesa da cozinha...

5 comentários:

Anónimo disse...

DELICIOSO, Madalena. Outro poeta que olhou para o mesmo mar que nós!! - beijo grato, IO.

Anónimo disse...

Orgulhosa. É como me sinto quando se fala nesse "nosso" grande poeta :) Muitos beijinhos, querida Madalena e óptimo fim de semana.

Anónimo disse...

Que lindas palavras Madalena!
Quero ouvir "Passos furtivos na escada" e sentir que "Quero um cavalo de várias cores" e que "Vivo na esperança de um gesto".
Boa noite e obrigada

Anónimo disse...

Nesta referência aos poetas a homenagem é para um pai,também ele poeta da tela e da alma.Que orgulhoso ele se deve sentir,aonde estiver,pelos frutos que deixou.
um grande beijinho
ana

Dinamene disse...

Madalena, pá, perfeitamente de acordo. Que tenhas (TU) um bom sábado. E gosto desse teu jeito meio despreocupado, aflito, de procurar beleza, mas às vezes basta um vaso partido... ou um pôr do sol... dá é muita sede!
Bjo.