terça-feira, 28 de junho de 2005

Saldos

Não é desses saldos que estão aí a chegar, para nos esvaziar as carteiras...
É o saldo do ano lectivo, que está mesmo a terminar.
Daqui a quinze dias, mais coisa menos coisa está aí a época oficial de férias dos professores e as escolas começam a despovoar-se de Alunos e Encarregados de Educação, parecendo-se esses espaços mais com cenários de filmagens, esvaziados para limpezas e preparadas para o repovoamento, assim que os calores arrefecerem outra vez.
Sou normalmente uma pessoa com sorte. Não a sorte dos milhões, que essa também só me traria problemas, que eu de dinheiros muitos percebo pouco.
(Ainda ontem estive a ouvir os cérebros deste país e nem eles sabem bem como é que o país se há-de salvar da crise sem os ricos ficarem um bocadinho mais pobres...)
Tenho aquela estrelinha da sorte que me leva a encontrar pessoas boas no caminho da vida e, seguindo o coração, vou sempre dar ao sítio certo.
Tive turmas boas, com alunos bons e os resultados são logicamente bons. Mas isto não é milagre!
Mas não devo deixar de reflectir, porque assim é!
E quando reflicto, não me guio apenas pelos aspectos cognitivos. Os meus alunos são tão pequeninos que há que ter em conta os aspectos afectivos.
Será que os ajudei a crescer enquanto pessoas, para além dos verbos e dos adjectivos?
É sobre isso que eu vou pensar!
Entretanto deixo uma frase de Anne Sullivan, a quem coube o papel exemplar de ensinar Helen Keller, que não ficou na História da Humanidade como coitadinha ou a vítima. Muito antes pelo contrário, como já referi.
"Já pensei muito sobre isto e quanto mais penso mais certeza tenho de que a obediência é a porta por onde entra o conhecimento, sim, e o amor, também, na mente de uma criança!"
O conhecimento e o amor andam de mãos dadas, mas não podemos abrir mão da disciplina!
Concluo eu, que só sei que nada sei, não por humildade, mas por vaidoso desejo de comparação com os grandes que disseram o mesmo!
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5 comentários:

t-shelf disse...

Para além dos verbos e dos adjectivos fica o verdadeiro terreno do trabalho do professor: deixar um pouco de si em cada um deles. Tenho a certeza que o fazes na perfeição Maddy e que eles irão recordar-se disso um dia.

Emilia Miranda disse...

Passamos por aqui para transmitir uma mensagem dos pequenotes netescritores: “Não pensem que se vêem livres de nós durante as férias!”
Um abraço,
Emília.

Anónimo disse...

Os alunos são a razão da existência dos professores, embora haja por aí muita gente distraída... Claro que todos os anos aprendemos, quando temos sorte quando não temos também! Sabe tão bem ouvir no final do ano «stora, fica com a gente não fica? A stora é fixe!» Parece que esquecemos tudo e há um sarar de feridas que vamos ganhando e curando ao longo do ano. Pela vida fora há erros e acertos, mas uma coisa é certa é a experimentar que se aprende e isso acho que é para toda a vida. Pena que na escola não existam apenas crianças.

Dinamene disse...

Só um beijo para quem assim se interroga sobre a relação entre mestre e discípulo. E basta o interrogar para ser já muito. Oh se é!

Anónimo disse...

Como professora muito inexperiente que sou, talvez a minha opinião seja um tanto duvidosa, no entanto é a minha e quero muito deixá-la aqui! Foi o meu primeiro ano a dar aulas e optei por ser um pouco dura com eles, mas ao mesmo tempo numa base de muito amor... aquilo que posso dizer das conversas que mais informalmente fui tendo com eles, após o termino das aulas, é que gostam de professores que consigam manter esse equilíbrio entre o respeito, a obediência e o amor. Ainda hoje, quando lhes digo que adorei a turma deles, ficam quase eléctricos e só dizem: "A sério stôra?", e eu sim... claro que sim, como poderia um professor não adorar crianças!