quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Adeus, Adrião

O hóquei era desporto rei em Moçambique.
Ontem recebi a notícia da morte do Fernando Adrião e, embora não o conhecesse pessoalmente, senti mais uma fatia do meu património de boa saudade a ser levada.
Sinto que há uma emoção especial nas palavras que são dirigidas ao Fernando Adrião, uma emoção merecida por quem nos deu glórias, num tempo em que o ideal do desporto era o ideal por si só.
Deixo aqui o texto d'A BOLA, que lhe presta assim uma bonita homenagem.
Adeus ao penta Adrião
PARTIU o homem, mas permanece o ídolo. Fernando Adrião, um dos melhores hoquistas de sempre, fez ontem a sua última partida. Vítima de doença prolongada, faleceu com 68 anos. Filho do primeiro guarda-redes campeão do Mundo, também ele Fernando, Adrião vestiu por 136 vezes a camisola nacional. O seu estilo elegante em rinque não deixa margem para dúvidas: é um mito do hóquei mundial.
Apesar de ter dedicado a sua carreira enquanto jogador a clubes moçambicanos (Malhangalene e Desportivo de Lourenço Marques), Fernando Adrião, que teve em seu pai o primeiro treinador, contribuiu, na década de 60, de forma decisiva para o incomparável palmarés da Selecção: cinco vezes campeão do Mundo, quatro vezes campeão da Europa e cinco vezes campeão nacional (duas em Portugal e três em Moçambique).
António Ramalhete, antigo guarda-redes da Selecção, diz mesmo que a elegância era tanta que a sua patinagem era facilmente confundida com dança.
O seu filho, Bruno, médio como o pai e jogador do Dramático de Cascais (um dos três clubes que Fernando orientou, além do Alenquer e o Académica da Amadora) sempre foi incentivado e nunca se sentiu inferiorizado pelo estatuto paterno: «Sei que mitos e ídolos não nascem todos os dias. Mas serviu-me de estimulo para melhorar, pois acompanhou sempre a minha carreira e era espectador entusiasta.»
O corpo está em câmara ardente na Basílica da Estrela até amanhã, às 10 horas, seguindo depois para os Olivais onde será cremado. À família e a todos amigos, A BOLA endereça sentidas condolências.
Este trabalho está assinado pelo Pedro Figueiredo, um dos meus sobrinhos da família Pastilhas.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que equipa imbatível! Velasco, Bouçós, Moreira, Vaz Guedes são os nomes de que me lembro agora.
E Adrião obviamente.
Eu sabia que ias escrever sobre ele. Pessoas que nunca nos deixam!
Obrigada, Madalena.
Beijos

Anónimo disse...

Mais uma bela homenagem e que nos toca particularmente.

Jamais serão esquecidos, ele e os colegas que tantas alegrias nos deram.

Um beijinho emocionado, Madalena.

luis manuel disse...

É muito agradável encontrar uma união de sentimentos assim.
Madalena, Laura e a Cinda-com quem estou em falta na escrita...
Nem sempre leio os jornais, principalmente desportivos.
Não compro regularmente.
Desperta-me a atenção alguns artigos fora das discussões do penalti que não foi, do fora-de-jogo que foi...etc
Só hoje (á algumas horas atrás) li o editorial do jornal o Jogo(12.01.2006) com o título :
Adrião !
Agradou-me a opinião e as palavras.
Nem de propósito, aqui também.
Começa assim:

"Como foi possível o nosso hóquei ter gerado campeões tão geniais como Fernando Adrião e ter colecionado tantos títulos mundiais sem ter desenvolvido uma indústria de equipamentos desportivos sustentável e sem ter ganho um lugar nas escolas nem na TV ?" esta é uma pergunta em sub-título.
e acrescentava :
"Adrião deve ter sido o melhor hoquista de todos os tempos. Nem todos concordarão e haverá outros nomes portugueses, espanhõis, italianos e argentinos susceptíveis de disputar o título, mas, para mim, Adrião reuniu as mais altas qualidades individuais e colectivas"

e muitas mais linhas escreve.
Eu, lamento não ter viva na minha memória a figura dele. Ao ler isto, sinto algum desgosto por isso, mas grande alegria por vos ouvir e ler enaltecer a sua vida.

Anónimo disse...

Só hoje tenho vagar para aqui deixar palavras. E às que já escrevi no 'chuinga', acrescento as que enviei hoje à Ana P.:
pois é, o Adrião era parte do nosso património. a longevidade da sua carreira atravessou gerações, e com que qualidade!! por isso lhe dediquei três posts - ao seu nível, mas sem carreira internacional, penso que só há o Mário Albuquerque, no basket (e olha que nunca fui lagarto - só contra o Ferroviário fazia claque pelo Sporting lol).

Um beijo grande para ti,
IO