quarta-feira, 22 de março de 2006

Ainda a água

Na poesia de Gedeão

Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com excepções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, base e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

António Gedeão, Poesias completas
nen

1 comentário:

Anónimo disse...

Desta vez tenho quem me substitua. Parabéns pela tua mensagem, pelo poema e pela fotografia. Aguardo melhores dias para poder dar largas à minha "arte". Anseio uns dias de descanso, a pintar e a ler, sem barulho e sem projectos (o que, como sabes, é quase uma utopia).
Os teus "desfocamentos visuais provocados" são a minha perdição.