quinta-feira, 4 de maio de 2006

O direito de resposta

Caro Senhor, li com muita atenção a sua carta e vou guardá-la junto a outros documentos igualmente valiosos, para ter sempre presente as preciosas indicações para a educação de um filho que é seu, tendo por isso direitos, bem como obrigações, inalienáveis.
Creia que eu quero contribuir para que o seu filho seja ele mesmo um homem justo e verdadeiro, bem como todos os seus companheiros. Tudo o que me diz na sua carta cabe nesse propósito.
Peço-lhe, pelo meu lado, que nunca o deixe sozinho com o peso do saber da escola.
Mesmo que nunca tenha ouvido falar em conjunções ou em equações, ouça-o e fique atento às emoções que ele quiser partilhar consigo.
Por exemplo, quando ele lhe for contar o quanto gostou do tal céu azul que entrou pela fresta da janela da sala de aula, mesmo no meio da Batalha de S. Mamede. E talvez precise da sua bonomia e compreensão, para completar o conhecimento da batalha que se perdeu, por causa do tal azul do céu que teimou em interromper o seu pensamento de menino. Partam os dois à procura do conhecimento extraviado, pois será para ele uma lição suplementar muito importante. Tão importante, que jamais esquecerá a batalha nem a sua compreensão. Ele irá imitar esta compreensão pela vida fora.
Peço-lhe também que brinque com ele, que lhe ofereça o tempo que lhe sobrar das suas imensas responsabilidades. Se não souber brincar, aprenda com ele. Sabe que às vezes eu também não sei as regras de alguns jogos? Ou porque já me esqueci, ou porque não conheço o jogo. E tenho de pedir aos meus alunos que me ensinem.
Peço-lhe que o acompanhe em todos os momentos da vida e saiba procurar e encontrar, dentro do seu coração de pai, a palavra certa, seja a situação mais ou menos feliz.
Consigo desse lado, vai ser, com certeza, tudo muito mais simples.
Só juntos podemos fazer da educação do seu filho aquilo que me pede.
Depois, acreditar nos outros homens será tão natural como respirar!
Creia apenas na minha dedicação à causa da educação do seu filho e dos outros meninos.
Sou, com lealdade e amizade,
O Professor Do Seu Filho

12 comentários:

Pitucha disse...

Os dois últimos posts são um verdadeiro espanto.
Beijos

Anónimo disse...

Mad', espero que não haja duas sem três... mas, continuo sem saber no que deu o rapaz: foi para a droga, para GI, tornou-se budista, virou mafioso?... ou um cidadão de que pai e professor se orgulharam? - conta, que eu volto!!, beijo, IO.

Anónimo disse...

Foste tu que escreveste a resposta? As duas cartas são um espanto. Beijos cheios de saudades, mana

Anónimo disse...

Lindo, Madalena.
Beijinhos

Anónimo disse...

Que belas cartas!!!
E que bem que respondeste ao senhor Abraham...nós fazemos,ou pelo menos tentamos,a nossa parte...não é?
Beijinhos e um Bom Fim de Semana; merecido,tenho a certeza.

Anónimo disse...

Pois ontem fiquei a pensar na resposta e ela aí está.Lindo Madalena!
Beijinhos
ana

amigona avó e a neta princesa disse...

Vivam os professores que assim sabem ensinar a vida! Viva o céu azul!

Fica bem!

Anónimo disse...

Já pus a leitura em dia e vou daqui encantada, como sempre.

Se vires por aí este "professor", dá-lhe um beijinho meu, ok? :)

Bom fim-de-semana, querida Madalena!

eduardo disse...

Uma das mais bonitas cartas que já li sobre o assunto. A sério.
Se pudesse voltar atrás e ter tido uma professora como tu, talvez não fosse o bronco em que me tornei.

Sortudos, os teus alunos.

Beijokas

Anónimo disse...

Cara colega,
Tiro o chapéu a este post!
Um abraço amigo,
Dani

papoilasaltitante disse...

Excelente resposta carissima Colega!! Disseste o que nós gostariamos de dizer muitas vezes...
Parabéns
beijinhos

IC disse...

Uma maravilha, Madalena! Não a deixes só aqui, publica-a!
Beijinhos.