"Não foram os cães que inventaram os açaimes. Não foram os leões que inventaram os jardins zoológicos. Teriam sido os homens os inventores das leis que os prendem e amarram? As leis foram feitas pelos homens para seu uso próprio. Se lhes não servem, arranjam-se outras que lhes sirvam."Luís Infante de Lacerda Sttau Monteiro nasceu em Lisboa, a 3 de Abril de 1926 e faleceu, também em Lisboa, a 27 de Junho de 1993, dizem uns, ou a 23 de Julho do mesmo ano, dizem outros.
Licenciado em Direito, a advocacia não lhe preencheu muito tempo da sua vida. Foi também piloto de Fórmula 2, mas foi nos jornais, nos livros e nas revistas que o seu pensamento rebelde e provocador ficou para sempre gravado.
Gosto muito de recordar a Guidinha, a das redacções publicadas no Suplemento "A Mosca", do Diário de Lisboa, que escapava ao lápis azul, sabe-se lá porquê?! Talvez pela ausência absoluta de pontuação, o que requeria uma atenção redobrada para a compreensão da delirante reflexão sobre a sociedade daquele tempo.
A irreverência de Sttau Monteiro era muito amarga, mas é normal que se fique assim doído profundamente, quando se vive uma situação de perigo limite, como a dos bombardeamentos em Londres, na Segunda Guerra Mundial.
A Guidinha não escapava a essa amargura, mas misturava-se-lhe o humor muito inteligente, muito português, sem a subtileza e o nonsense britânico que também lhe corriam no talento.
Uma das coisas que a Guidinha não suportava era a eterna mentira em que a obrigavam a viver. Tretas, chamava-lhe. Uma delas era o Pai Natal. Um Pai Natal não oferece compêndios (era este o nome dos actuais manuais escolares) de Ciências Naturais! Um Pai Natal não traz do Céu uma camisola dos saldos da Rua dos Fanqueiros. Aí põe-se o problema do Céu ser a Rua dos Fanqueiros!
Imagem daqui
4 comentários:
porque nunca é demais enaltecer Sttau Monteiro, obrigado!
Como sabia das coisas a Guidinha! Vá, sê ainda mais linda e arranja uma composição completa da Guidinha para nós virmos ler aqui! Beijinhos
Grande Luís, que FELIZMENTE (re)inventou o LUAR!!, e que fabuloso foi o aparecimento da Guidinha!! - beijo, Mad' e parabéns por este 'post'!!, IO.
Ainda hoje acho que poderia contar a história toda do "Angústia para o jantar". Devo a Sttau Monteiro "perceber" que havia escritores portugueses vivos, a literatura portuguesa para mim era uma coisa assim da história, Camões, Eça, Camilo e Garrett, etc.. E foi ele, com o Felizmente há Luar, para o teatro, que me fez reparar em escritores contemporâneos, nomeadamente O'Neill... Já lá vão uns anitos. Pois...
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