Fico espantada com o que leio na blogosfera sobre os professores!
Como se consegue "perceber" apenas aquilo que a TV quis e quer transmitir?
Este governo leva na cabeça e bem a toda a hora. Contudo, de repente, parece que se faz uma excepçãozita de benefício da dúvida à Ministra porque ataca os privilégios dos professores. Diz o ME que são privilégios!
Eu nunca disse que não tinha privilégios. Se achasse que isto era uma maçada e uma infelicidade teria escolhido outra profissão. Mas eu sempre gostei de ser professora! E quando amigos me atiravam à cara os benefícios da minha profissão eu só lhes perguntava por que é que não tinham escolhido esta profissão, em vez de serem médicos, engenheiros ou outra coisa qualquer.
Claro que me sinto mal quando me tiram os privilégios. Não sou masoquista nem tonta. Mas não morro. Ou pelo menos não morri no ano que passou.
Mas a blogosfera também me espanta no bom sentido: Pacheco Pereira escreve um artigo de opinião exactamente sobre a maneira como a televisão tratou a informação e fez a cobertura dos acontecimentos. Isto é: como eu também entendi, tentando que a atenção recaísse sobre o que não interessava, fazendo parecer que não se passava nada de importante para as pessoas, que isto é apenas um sintoma de corporativismo e nada mais.
Onde há multidões há comportamentos que não têm necessariamente a ver com o comportamento da pessoa "por sua conta e risco"!
Quanto aos verdadeiros problemas dos professores, só não se informa quem não quer. Há muita coisa escrita por aí e há sempre professores com quem se pode falar e tirar dúvidas.
A Ministra é efectivamente a responsável pela educação. Por quem é que queriam que os professores na manifestação gritassem: pelo Lietson? As palavras de ordem são um fenómeno normal de manifestação. A não ser que se tratasse de uma manifestação silenciosa!
O meu problema não é nenhum, a nível pessoal. Não tenho qualquer tipo de problemas na escola e sinto-me profundamente respeitada. Tenho amigos na escola. Conhecemo-nos. Lido bem com a criançada e até me divirto com eles, o que faz lembrar o Sebastião da Gama que dizia que "ainda nos pagam para sermos felizes!" Sou feliz na escola, sim senhores. Mas não suporto a ideia de saber que os efeitos perversos da desconfiança do nosso profissionalismo se fazem sentir. E essa desconfiança é lançada por quem sabe fazê-lo e por quem tem meios, como a TV ou as TVs.
Ninguém fala nos contratados que são profissionalizados, ao contrário do que muitas vezes é dito e que têm, alguns, vários anos de ensino. Esperam pelas cíclicas e não sabem se amanhã são colocados ou apenas sobem mais uns lugares na lista dos não colocados.
Nesse barco está o meu filho e os amigos dos meus filhos, com idades entre os vinte e oito e trinta e poucos. Eu conheço os que trabalham comigo, no meu grupo: são responsáveis e ainda põem muito amor no que fazem. E os miúdos gostam deles!
Chego à conclusão que todos temos aquela costela de maldadezinha que nos levava a dizer: “Bem-feita! Bem-feita!”, quando a desgraça não dá para surtir o efeito aristotélico da tragédia porque, como não somos professores, isso nunca nos vai acontecer a nós. E há sempre na nossa memória um professor que nos estragou a infância, como recorda o poeta padroeiro deste blog no seu "mundo dos outros".
E vai daí e aproveitamos este odiozito à classe e sentimo-nos vingados do que nos fizeram. E nem dá culpa, nem nada!
5 comentários:
Pois é Mada trabalhar não custa. Custa suportar a calúnia, o clientelismo, a ignorãncia de quem fala, a falta de respeito pela profissão e tudo aquilo que nós todos sbemos e que é distorcido pelos meios de comunicação, pós e pós e companhia.
Já não contesto nada, mas continuo a não aceitar pacificamente as condições de trabalho. Eu até gostava de trabalhar 8h00 por dia na escola. Só tinha uma condição, que me deixassem chegar a casa e ler cozinhar, sair, antever a minha vida sem perspectivar mais uma reunião acéptica e.... muito mais que não se diz num comentário.
Deve ser por isso que eu defendo sempre os professores: tive uma vida recheada deles, e dos bons. Dos maus nem me lembro, passaram e não fizeram grande mossa porque eu era boa aluna, não chateava ninguém, ninguém me chateava...
Beijinhos solidários
Deve ser por isso que eu defendo sempre os professores: tive uma vida recheada deles, e dos bons. Dos maus nem me lembro, passaram e não fizeram grande mossa porque eu era boa aluna, não chateava ninguém, ninguém me chateava...
Beijinhos solidários
5 estrelas, Madalena. Concordo contigo e acrescento que ainda na 6ª feira na sala de Professores da minha escola, onde estávamos alguns Professores em amena cavaqueira dizíamos que apesar de tudo o ambiente na escola somos nós que o fazemos e como a maioria gosta daquilo que faz somos felizes nessa mesma escola. Tal como dizes "ainda nos pagam para sermos felizes".
Beijinhos
Olá Mada! Tudo Bem? Que xaudades...Até que enfim vejo um comentário que expressa aquilo que todos os professores contratados sentem... frustração, um pouco de desespero e uma profunda tristeza...
Quando andava na escola tinha boas notas e podia ter escolhido outra profissão que não a de professora. Não a escolhi pelas férias e nem pelo ordenado! Mas porque gosto da escola e sinto-me bem lá dentro. Agora no desemprego, com os olhos esbugalhados, já sem esperança, colados no site da DGRHE, começo a procurar ourtos empregos. No entanto, com uma licenciatura via educacional, nem em secretária de um escritório me aceitam...
NO Centro de Emprego tentam obrigar-nos a aceitar cursos disto e daquilo com x horas de duração, mas será que isso serve mesmo para alguma coisa? Só se for para deixarmos de contar para as estatísticas...
Tirámos um curso e já sentimos o doce gosto de leccionar. É um daqueles sabores que nunca mais se esquecem, como se fossem biscoitos da avó ou aquele gelado de Milão.
Beijinhos TiaMada
Marga
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