Há um ano atrás recordei dois vultos que não submergem nas águas do esquecimento, no Rio Letes de que fala o nosso poeta maior, precisamente por se terem libertado da lei da morte, por obras "valerosas": José Malhoa, o pintor; Cardoso Pires, o escritor.
E para que também sejam lembrados, há quem se lembre de chamar as ruas ou outros lugares, pelos seus nomes.
Para mim, a Rua José Malhoa, será sempre a morada dos principais acontecimentos da minha vida. Vivi numa Rua José Malhoa durante dezanove anos: entre os vinte e os quarenta.
A primeira casa dos meus filhos foram as três assoalhadas da Rua José Malhoa. A minha primeira "escola": Externato Odivelas, Rua José Malhoa! Costumo referir-me a essa época da minha vida, sobretudo em termos profissionais, como os anos de ouro!
(Agora é mais ferrugem!)
Quanto ao outro José, há uma escola que o eterniza. Também numa zona saloia, eprto de Odivelas: Santo António dos Cavaleiros, que de saloio só tem lembrança distante, certamente.
Morreram estes Josés num 26 de Outubro: 1933, o pintor; 1998, o escritor!
"Sinto-me tomado de gratidão.", escreveu este último. "Isto de alguém se recomeçar depois de nulo é algo que deslumbra e ultrapassa."
Eu também me sinto tomada de gratidão por ter "vivido o que vivi" na tal Rua José Malhoa.
Estes versos, por exemplo...

Onde andarás tu agora Ana Margarida?
Para a Laura:
Será que vale a pena ver
a dor acontecer?
Será que vale a pena nascer
para ver lágrimas a correr?
Será que vale a pena ver
Irão, Iraque, Etiópia acontecer?
Será que vale a pena dar
a volta ao mundo e voltar
com lembranças de crianças a chorar?
Será que vale a pena dar
Para nada se aproveitar?
2 comentários:
Que pena! Não consigo ler os versos.
José Malhoa - que insistência deliciosa!
Beijinhos
Já li. Obrigadíssima! És uma querida.
Beijinhos
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