"Durante anos, fui uma consumidora ávida de televisão." Maria Filomena Mónica começa assim a crónica na Pública de ontem.
Ter-lhe-ia dito: Eu também!, se se tratasse de uma conversa "mais bilateral". Presumo que a MFM tenha imaginado esta concordância multiplicada por milhões.
A televisão foi, sem dúvida, para quase todos nós, um fascínio irresistível e hoje, sobretudo os maiores de cinquenta, lamentamos a televisão que temos. O espectador televisivo é praticamente de um só tipo: amante de telenovelas e voyeur de tragédias.
Claro que há um ou dois programas que se salvam da baixeza a que desce a maioria. Mas são muito poucos.
Porém, em tempos que já lá vão, por razões diferentes, a televisão tinha um papel bem mais importante nas nossas vidas: fazia companhia, preenchia vazios, sugeria uma ordem na rotina. Até entretinha os meninos!
Não estava em Portugal no tempo do Zip-Zip. De tudo o que tenho ouvido sobre a nossa televisão, parece-me terem sido essas as melhores emissões de sempre. Até o poeta Almada Negreiros esteve no Zip-Zip!
(Tenho pena que a RTP nunca tenha feito uma reposição integral desses programas, nem haja gravações à venda.)
Entendo também que o genial é absolutamente ocasional e dificilmente se repetirá uma conjugação semelhante de ideias e ideais, sonhos, vontades, capazes de gerar criatividade quase em estado puro.
(O grande progresso tecnológico matou muita imaginação. Não há limites para os efeitos especiais. Ou pelo menos parece não haver!)
A mim, "o que me prendeu ao sofá", foi a Visita da Cornélia.
Misturando e baralhando concorrentes e membros do júri, saem destas memórias a preto e branco, intocáveis e elegantes, personagens inesquecíveis: Sttau Monteiro, José Fanha, Beatriz Costa, Assis Pacheco, Paulo Renato... Para além da própria Cornélia, com as pestanas alongadamente retesadas de rimmel, como ditava a moda "Mary Quant" da época.Também eu,MFM, vi televisão avidamente!
Imagem do site da RTP.
4 comentários:
A Cornélia é do meu tempo de "Emigrada", não conheço. Mas agora, com Floribellas e afins, só me apetece dedicar-me cada vez mais à leitura, ou à pesca, sei lá!
Beijinhos, continuação de semana feliz!
Provavelmente, Madalena, pertencemos à mesma geração onde a televisão "tinha um papel bem mais importante nas nossas vidas".
É verdade!
A recordação dos bons velhos tempos ainda perduram na Memória e é a nostalgia que me faz ir à procura das coisas "antigas".
Para modernidades tenho os netos, a PlayStation e os blogues.
Que, como o teu, nos aviva o relembrar.
Beijokas
lembro-me muito bem. Tive a satisfação de ver muitos dos programas. Foram uma inovação, na época. Um vanguardismo.
Ainda hoje restam lembranças, sinal de que foi bom, o resto apagamos.
Nunca fui muito assídua! E ainda não o sou. O tempo não chega para tudo!
Beijos
Enviar um comentário