Todos nós falamos, nem que seja apenas "às vezes", no "nosso tempo".
Para mim, o meu tempo não é este, mas também não sei se isto é verdade para os outros.
(Isto é: não sei se os outros da minha idade sentem que este não é o seu tempo. O facto de eu sentir o que sinto não transforma este "sentir o que sinto" em verdade universal. Muitos certamente sentirão de modo totalmente diferente. Ainda bem! Não é assim tão gratificante pensar que o nosso tempo já passou...)
Não tem a ver com a idade cronológica. Tem sobretudo a ver com o tempo em que de qualquer maneira realizamos um bocadinho daquele desejo universal de mudar o mundo. Basta que nos mudemos a nós próprios, que consigamos semear dentro dos nossos actos a vontade, a convicção, a certeza...
Mas tudo na vida é transitório, efémero, como a própria vida, quando tida no seu valor individual.
No meu tempo, havia uma sede imensa de chegar ao maior conhecimento possível das realidades que os livros continham. Lia-se muito, para que tal acontecesse. Era mesmo necessário ler-se muito e falar-se também sobre o que se lia. O conhecimento difundia-se assim. O conhecimanto consolidava-se assim.
Tinha amigos que liam Brecht e sabiam tudo sobre Brecht. Eram intelectuais. Eu também queria ser intelectual, mas a cabeça puxava-me muito para o sonho. Eu era quase uma espécie de Susaninha, contestatária por contágio das Mafaldinhas que me rodeavam e que eu admirava incondicionalmente. (lol)
Esse meu tempo passou, mas a memória dele ficou. Felizmente!
Assim, ao deparar com a data de nascimento de Brecht (10 de Fevereiro de 1898) vem-me à pele o arrepio do sonho de mudar o mundo.
O sonho de tornar o mundo mais justo.
Mas ele continua a rodar mais para o lado da injustiça. Cada vez mais!!!
Brecht ficou com o seu nome mais ligado ao teatro, mas foi também na poesia que ele reflectiu a preocupação pela "emancipação social da humanidade".
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