sábado, 3 de fevereiro de 2007

Todos os Animais são iguais!!!!

Não há adaptação mais fiel à ideia de Orwell do que a dos dias que correm!
Refiro-me naturalmente ao Triunfo dos Porcos, tradução feliz de "Animal Farm".
Ontem, tive a pouca sorte de ficar mais tempo do que é normal numa bicha de trânsito, das muitas que há em Lisboa, mesmo sem ser em hora de ponta.
(Sempre por causa das obras que nos hão dar uma Lisboa perfeita quando o planeta já não tiver ponta por onde se lhe pegue, quanto mais Lisboa ter hora de ponta!)
Tive a pouca sorte, dizia, porque tive de ouvir, repetidamente, os noticiários das várias estações.
(O leitor de CDs está avariado! Melhor: tem manias e, de vez em quando, não toca nem cospe o CD!)
E sempre a mesma voz, gritada e ensaiada, do PM a explicar o que disse o Ministro da Economia na China e que os burros, que somos nós, não conseguem perceber.
O Dr Pinho referia-se a trabalhadores de "ponta", muitíssimo qualificados e diferenciados e que trabalham por menos dinheiro do que os "congéneres" dos países civilizados da UE.
Quanto mais explica, mais se enterra. Pior a emenda que o soneto ou, como se diz em português gastronómico, "pior a amêndoa que o sorvete"!
"Como todos os discursos de Napoleão (o PM lá do sítio) este foi curto e objectivo.
Também ele - disse - estava contente por ter terminado o período de mal-entendidos. Durante algum tempo haviam circulado boatos - inventados por maligno inimigo - de que havia qualquer coisa de subversivo ou mesmo de revolucionário no seu proceder e no dos seus colegas. Tinha-lhes sido atribuída a tentativa de provocar a rebelião entre os animais das quintas vizinhas. Nada poderia estar mais longe da verdade! Seu único desejo, agora e no passado, era o de viver em paz e manter relações normais de negócios com os vizinhos. A quinta que ele tinha a honra de administrar, acrescentou, era uma empresa cooperativa.
(...)
Não havia dúvidas agora sobre o que estava acontecendo às caras dos porcos. Os que se encontravam lá fora olhavam do porco para o homem e do homem para o porco e novamente do porco para o homem e já era impossível distinguir uns dos outros."

Os sete mandamentos tinham sido reduzidos a um único que dizia que todos os animais são iguais, tal como dizia o mandamento original, mas acrescentava, mas alguns são mais iguais do que outros.
Benjamim, o burro da história, por muito burro que fosse tinha já uma experiência de vida muito longa e já tinha percebido tudo. Nem os seus "primos", os belos cavalos inteligentes, de quem os porcos se tinham utilizado para difundir as teorias primeiras de igualdade e justiça, nem esses tinham sido poupados à voraz ambição do porco, que então, já se vestia à homem e já usava chicote!!!
burro
Esclarecimento: Os porquinhos do Chora estão exilados nesta Terra Faz De Conta, por terem sido expulsos de Animal Farm. Foram aqui acolhidos com orgulho e aqui ficarão, para mostrar também que nem todos os animais são iguais, na iniquidade e na mentira!

1 comentário:

luis manuel disse...

Há um céu azul, há um mundo para além de nós e para nós...
Até um poste pode ser um "post". Para pessoas normais.
Como seria importante acentuar algumas (tantas) das mensagens deixadas por Gandhi. Sobretudo da não violência.
Nem tudo são terras Faz de Conta, e o chicote estala em tanto lado. E ... se o tempo me oferece a possibilidade de sonhar, entregando o perdão e não o castigo, e acontecesse o luminoso palco azul... encontrado o rumo ?! porque o amor nasce mesmo no coração.
E "by the way" sinto orgulho em ser português. Quanto ao melhor, bem... não posso condenar quem escolhe, mas não escondo a preocupação pela memória curta.
Não há comparação com esse Português que sabe sorrir, rir e apreciar o sol e o céu azul, os jardins e as praias.Onde hão-de brincar, chapinhar e jogar à bola os netos.

Um grande abraço