De José Jorge Letria, deixo estes versos, parte de uma carta a Zeca Afonso, numa celebração de Abril.
"Ai, Zeca, a falta que tu nos fazes.
Não gostavas que eu o dissesse,
mas eu não tenho outro modo
de o dizer e de o sentir. Tu sabes.
E agora que Abril celebra
a maioridade dos seus vinte e cinco anos,
eu acho que tu tens o nome desse mês
e que esse mês é teu gémeo e teu sinónimo.
(...)
Onde quer que estejas, Zeca,
estarás sempre na margem esquerda
de uma história imperfeita, inacabada,
de uma história que não começa
nem acaba connosco, em nós.
Partilhar o teu tempo foi a festa maior
da minha idade de ter sonhos
foi a minha ração de utopia,
a minha razão de ter voz
e a força de ver crescer em nós
a altaneira luz que nos resgata."
A todos os que sonharam este dia, eu agradeço! Pode até parecer que já nem é nada connosco, que do vinte e cinco original sobram sombras apenas...
Mas à medida que o tempo passa, crava-se-me a dor de ter perdido um ideal.
Quero reencontrá-lo. Quero deixá-lo aos meus filhos e aos meus netos.
Onde quer que estejam, Salgueiro Maia, Zeca, Ary e outros, que mais anonimamente trabalharam nas fábricas da liberdade, obrigada!
4 comentários:
Eu sabia que me faria bem vir hoje ao teu blogue, Madalena. Sabia que encontraria aqui um post com que me identificaria, e não me enganei.
Beijinho grande.
Eu também digo obrigada.
Beijos
E Viva a malta da margem esquerda!!, beijo, IO.
Pessoalmente não gosto dos cravos, mas não será tempo de explicar à garotada a mudança que a nossa geração teve com o 25 de Abril? É que eles não fazem a mais pequena ideia como era "dantes". Penso que os livros não lhe dão a relevãncia que merece.
Gostei muito do teu post e tive oportunidade de ouvir hoje o José Jorge Letria cantar letras de Zeca Afonso. De uma ctualidade espantosa.
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