quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Poderes

É estranho. Continuo a gostar de ser professora! Está tudo contra, mas eu sinto que aquela é a minha pele. Gosto de estar na escola, mesmo quando me esgoto e me canso com Pedagógicos que se estendem até às nove da noite, ou outras reuniões cujo proveito é sempre de pôr em causa.
Gosto, pronto!
Mas há uma coisa que me irrita, enerva e desmotiva: o poder do papel. Vivo no reino do papel e o seu poder é absolutíssimo.
Por exemplo: o plano de recuperação é um papel. Assinado pelos pais e pelo director de turma, mas não deixa de ser um papel. O papel defende os professores todos, caso o aluno venha a reprovar, ou a ficar retido, como preferirem. O papel tem o poder de evitar a maior "chatice" do mundo. O papel tem poder e isso sim é que me desgosta. A minha intenção, o meu desejo, a minha vontade e até a minha acção não valem nada ao pé do papel. O papel vale sempre mais do que eu!
Este é talvez um passo em direcção à desumanização de uma instituição que devia ser, quase que por definição apenas, o oposto.
Como será o futuro destes meninos e meninas educados sob o signo do papel?
O papel sobreviver-me-á e isso é incontornável. Será por isso que o papel vale mais do que a minha palavra?Imagem daqui

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