segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Políticas

Eu não percebo nada de política. E não digo isto para fingir ou para me contraporem com aqueles argumentos habituais de que tudo é político e coisa assim. Eu não percebo mesmo nada.
Presumo que a política seja um cozinhado universal de interesses económicos, sociais e culturais. Mas, vai daí e vejo que cada um olha para o seu umbigo e a universalidade que reclamamos e quando a reclamamos é só também porque ela nos serve em termos individuais.
Isto sou eu a pensar...
É que pensar todos pensamos e temos referências de pensamento que vêm dos recônditos da História. Uns mais antigos e outros mais recentes, porque eu própria já assisti e vivi a História.
Dos tempos da Faculdade, dos estudos propriamente ditos, trouxe uma referência muito importante: Thomas More. Não pela Utopia, mas pelo exemplo de uma só palavra. Sem desafios, sem exaltações, apenas a coerência que lhe custou a vida.
Dos tempos mais modernos temos também exemplos: Gandhi, cujas magras vestes deram corpo à Alma Grande; Mandela e o exemplo de que o homem é realmente livre por dentro e não há ódio nem ressentimento que possam corromper a sua liberdade, quando é genuína, verdadeira.
E, cá dentro, também vou alimentando a esperança de dias melhores para os meus filhos e para os meus netos, com a memória permanente de alguns, como Salgueiro Maia, por exemplo que, desinteressadamente, contribuíram para o sonho do "dia mais claro" que a poetisa Sophia cantou nos seus versos, ela própria o exemplo da dignidade como sentido único de vida.
E, aproximando-se os dias das eleições americanas, inevitavelmente, o meu instinto segue o pensamento de Obama e só quero dizer aqui o quanto me repugnou um senhor candidato que usou a palavra "Change" para ridicularizar o seu rival e levantar suspeitas sobre o seu verdadeiro intento de Mudança.
Será isso Política?
Pelo menos, em Portugal, ainda deixamos essa tarefa aos humoristas!
Repito que o que eu quero mesmo é um mundo melhor para os meus netos. Eles ainda não chegaram. Estão à espera, tenho a certeza, numa estação espacial. Espero que apanhem a carreira 2008 e que a indicação do destino seja "Mundo Melhor" (via Portugal).
Devem ter depois de apanhar um táxi para o castelo de S. Jorge ou o catamarã para o Montijo. Mas se combinarmos bem, talvez se arranje uma boleia!

Pensando melhor, há também a possibilidade de apanhar o Camelo para o Deserto de Jameh!

7 comentários:

calamity jane disse...

Ai q dromedariozinho tããããooo xuxu!
Brincadeiras àparte, estou certa de que os teus netos terão muito aprender com os modelos que tens para lhes transmitir. Serão eles, espero, a fazer a verdadeira Revolução que tanto anseio...

Pitucha disse...

Que texto espantoso! Ainda bem que sou tua sobrinha!
Beijos

Nelson Reprezas disse...

Para quem não percebe nada de política, fizeste um excelente post político. Discordo contigo sobre Obama, como aliás dou conta hoje lá no Espumadamente, mas discordar é um acto político. Portanto, aproveitando a maré, aqui fica o meu registo. E fica um beijinho também, com os votos que se concretize aquele teu grande sonho para 2008 :)))

Anónimo disse...

O teu texto reflete o som dos teus olhos...

Célia

IC disse...

Pois os meus netos já cá estão (no mundo, que só dois são portugueses), e eu já não sei se posso desejar para eles um mundo melhor, ou se o devo desejar só para os bisnetos... Também nesse "dia mais claro" que referes pensei num país bem novo para as minhas filhotas pequenitas... Comovem-me as tuas referências, nomeadamente o Salgueiro Maia.
Enfim... Parece que o Einstein dizia que só há duas coisas infinitas, o universo e a estupidez humana (e do 1º não tinha a certeza), e, de facto, os humanos nunca mais aprendem a fazer um mundo melhor...

Ora desculpa este comentário sem jeito, até parece que eu desisto de ter esperança (não é verdade) ;)
Tinha vindo agradecer-te as tuas palavras no meu cantinho (respondi lá).
Beijinhos

Anónimo disse...

Fab Mad'!! - beijo comovido, IO.

AEnima disse...

Bem... excelente este ò Madalena! :)

Não faço ideia quem seja o sr Thomas More que mencionas mas vou investigar. E como tu, o meu coração vai naturalmente para Obama, se bem que, para além do cinismo de Clinton, também vejo nela uma grande mulher capaz de governar um país em caos.

Eu não gosto de política... mesmo, a sério, mas ultimamente tento estar mais ou menos atenta porque num Estado democrático e de direito como o nosso, o nosso mais recente governo que foi eleito por nós e deveria ter como único dever a defesa os nossos interesses, está constantemente a morder a mão que os alimenta.

A mais recente foi a mudança das regras e taxas dos Certificados de Aforro, aplicada a quem já os tinha também. Nós, que compramos títulos de dívida pública no passado a juro de x%, agora vemos as condições do nosso empréstimo negocioado pelo devedor ao estilo: "Desculpa lá qq coisita, mas já não posso pagar-te juros a 4%, vou-te pagar muito menos, mas paciencia, e é se queres que te reembolse alguma coisa!" Ora, isto para mim é um ultraje! O exemplo vem sempre de cima... que mundo deixamos aos nossos flhos e netos com exemplos destes?

Ando muito chateada com a política e estas roubalheiras descaradas e mentirosas que o nosso governo chama de medidas necessárias para sair da crise.

Haviamos todos de fazer greve como os Moçambicanos fizeram: O Governo aumentou os preços dos transportes públicos, o povo revoltou-se e andou TODO a pé! E ainda falam de "preto" ser burro... né? Olha que boa lição nos ensinaram?


Beijinho