O rio está para a cidade, como o céu está para as gaivotas.
Era esta a mensagem dos fados e cantigas de antigamente, que o meu pai trauteava com paixão, paixão essa que se confundia com outras, com toda a certeza. Nomeadamente a paixão da sua juventude, dos seus anos verdes em que tudo lhe parecia fácil.
Cresci geograficamente longe deste rio, deste céu, destas gaivotas, mas a cidade de Lisboa entrou-me nas veias, no coração e no cérebro, antes, muito antes, do dia em que o meu avião da Tap, se aproximou do rio, passando rente, muito rente. Tão rente que julguei ver tudo ali naqueles segundos: a ponte, os cacilheiros, o cais das colunas, o Terreiro do Paço, as ruas do Ouro e a Augusta. O meu enlace com a cidade deu-se por procuração e não sei se me apaixonei por uma Lisboa real, se pela Lisboa dos fados. Aquela que "tem o Tejo aos seus pés, a morrer de amores por ela."
"Se uma gaivota viesse, trazer-me o céu de Lisboa..."
Lisboa merece! Lisboa é uma linda cidade! Lisboa é um dos meus orgulhos!
"A ver vamos", se se cumprem as promessas que gemem que nem fados nas vielas.
Lisboa, qual é afinal o teu fado?
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