Foi bonito, simples e muito feito a partir da espontaneidade de quem interveio.
Primeiro a apresentadora, que falou das duas pintoras, sobretudo do seu conhecimento das pessoas, enriquecendo com um toque de afectividade o pré-debate.
(Lá fora tinha chovido granizo. Nada melhor para esquecer a tempestade do que remeter os sentidos para a realidade que resulta da criação.)
Depois a moderadora referiu-se com a convicção da solenidade necessária ao trabalho das duas pintoras: A Ana (Nini, a minha irmã de coração!) e a Cecília.
Depois falaram elas, as pintoras. Primeiro a Cecília. Eu que até nem percebo destas artes, entendi perfeitamente o processo criativo: primeiro o traço, depois pode continuar a ser o traço e o traço, até que o traço siga o seu caminho... As paisagens que não são senão paisagens de si mesma. A cor dominante. O auto-retrato!
Depois falou a Nini, do seu percurso, dos seus mestres, do seu processo criativo, diferente do da Cecília, dos seus temas, da magia de transformar a dor em cor, digo eu, que eu sei.
(Lá fora tinha chovido granizo. O caos estava instalado na cidade. Mas, das portas da Bulhosa para dentro, a ordem estabeleceu-se, naturalmente eivada de emoções, que vêm à tona também naturalmente, porque a arte é a emoção feita qualquer coisa. Neste caso pintura!)
Pego no folheto da Bulhosa e vem-me, à flor da saudade, um nome, uma memória muito viva: Lindley Cintra. Foi o meu primeiro professor na Faculdade de Letras de Lisboa. Ensinou-me a Linguística, o Ideal e a Coragem. Tenho a certeza que não é por acaso que a Escola se chama Lindley Cintra. É uma inspiração e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de um compromisso com a Verdade.
1 comentário:
Parabéns, Madalena. Uma nota com grande poder de síntese e carregada de sensibilidade.Ficámos todos mais próximos.
Maria Antónia
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