sexta-feira, 20 de junho de 2014

Adeus aos tempos que já lá vão...

Eu gostava do verão, mas isso era dantes, quando o verão era todos os dias e o domingo era  inesquecível: praia de manhã, caril ao almoço e matiné à tarde, no Gil Vicente, Manuel Rodrigues ou no Scala. Tanto prazer num dia só!
A praia era o ponto de encontro: os meus tios, as minhas primas, o meu pai, às vezes, a minha mãe, quase nunca. A água era quente. O senão era mesmo o  perigo de algum tubarão passar por ali...
Chegavamos à praia e não havia dramas de estacionamentos, nem parques, nem orientadores à caça da moeda que, nos dias de hoje, vai sempre parar a algum lado.
Tudo chegava para todos: a praia, a areia, o mar.... 

Enquanto uns se desfaziam da pouca roupa que atrapalhava o sol de nos tocar na pele, o meu pai ensaiava o seu estilo do protagonista do filme "Aventura é aventura", sempre na esperança de agradar a alguma turista, de ganhar fama para lá da fronteira, de consolidar a que já tinha, ou simplesmente para não perder o jeito...
O meu tio sorria, ria.... Divertiam-se!
À hora do almoço já os ombros ardiam e a pele ganhava a cor da saúde.

Era hora de zarpar, que o resto do domingo estava ainda por viver.
O caril tinha ficado a apurar a manhã toda. Era só fazer o arroz, comer e chorar por mais.
O filme da tarde era o que fosse. Era um ritual domingueiro cumprido com o corpo a arder por uma boa causa: a beleza do tom.
Era deste verão que eu gostava...

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