segunda-feira, 11 de maio de 2015

Professores à prova...,

Muita gente, para não dizer toda a gente, fala do insucesso dos professores nas provas de Português e F. Química. Falam porque é muito fácil falar sobre o que não se sabe. Quem vem pisar mais um bocadinho é sempre leigo na matéria e da escola só conhece a sua experiência de aluno, que vale com certeza, mas não tem nada a ver com a escola dos dias de hoje. Pisam porque sentem que estão de algum modo a exercer o seu direito à vingança do professor que, como dizia José Gomes Ferreira, no Mundo dos Outros, lhes "estragou a infância". Ou a de alguém próximo!
O que eles não sabem é que os professores, nas escolas de hoje, são tratados como "zeros" a nível da construção das aprendizagens dos alunos, sendo mais importante a transcrição para o papel cuidadosamente arquivado para o retrato da escola, em que quem tem de ficar bem é a direcção.(Desculpem o português antiquado, mas eu sou antiga!)
Quando a coisa corre bem, o mérito é da escola, leia-se dos que mandam na escola. Quando a coisa corre mal, a culpa é do professor.
O que é que correu mal nestas provas? Os professores, claro!, dizem logo os opinion makers ao serviço do sistema. 

Sebastião da Gama dizia que a aula de Português acontecia e eu sou, felizmente, desse tempo. A provocação, que agora se chama brainstorming, era um ponto de partida para o acordar das potencialidades criativas, para espevitar a imaginação dos alunos, para os levar a acreditar neles mesmos, como parte essencial na evolução da sociedade, em geral e deles, em particular. 
O processo ensino/aprendizagem não se transporta em pacotes estanques, com uma torneirinha que deita as quantidades pretendidas como acontece nas pipas de vinho. Aprender e ensinar é respirar o mesmo ar puro. 
Reflecti muito, ao longo da minha vida profisssional, sobre este "respirar", com a ajuda da literatura, mesmo não vinculada e aqui estão duas frases maiores que já têm muitos, muitos anos e não perdem a actualidade, tiradas do livro "Ilusões", de Richard Bach.
“Aprender é descobrir uma coisa que já sabemos.”
“Ensinar é lembrar aos outros que sabem tanto como tu.”
Esta falta de respeito por aqueles que podem fazer alguma coisa pelos nossos filhos ou netos, este regozijo disfarçado pela confirmação de uma incompetência que não é, não leva a lado nenhum...

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