domingo, 12 de setembro de 2004

Setembro

Já disse aqui que o mês de Setembro perdeu algo de mágico.
Como a escola também perdeu a magia de antigamente, presumo que não foram aspectos da vida a perder fantasia, mas eu (provavelmente problema meu) que perdi os binóculos, os óculos, ou qualquer outro objecto que se interpunha entre o mundo e os meus olhos.
Para mim, Setembro é um mês de muita indefinição, pouco fantasiosa...
Os lojistas tentam disfarçar esse mal- estar, misturando os saldos com a nova colecção. Tenho pelo menos essa sensação.
Subjectividades!
É deprimente entrar numa loja nesta altura do ano.
À nossa vaga, muito vaga sensação de calor ou de frio, disfarçada pelos ares condicionados, junta-se a incerteza de que não nos apetece nada do que está ali, supostamente para ser comprado pelos compradores compulsivos, em que todos nos vamos tornando, com os excessos de excesso em que vivemos.
Num balcão semi-visível, semi escondido, um monte de qualquer coisa e o cartaz horrendo: tudo a 5€!!!! Técnicas de marketing, suponho!
Também de modo semi-visível e semi-escondido expõe-se a nova colecção.
Não se ostentam os preços. É preciso ir lá, ver bem com óculos de ver ao pé!
Só há coisas incertas e indefinidas em Setembro?
É um truque para iludir os pobres de um poder de compra que não existe?
Já não podem ir à praia.
A televisão é "a monotonia dos quatro canais", como me dizia outro dia um vendedor da TV Cabo.
Nada de jeito para fazer em Setembro, senão esperar pelo frio e pelas lãs, pelas tardes de domingo a ver televisão ou a a ler os suplementos dos jornais de fim-de-semana.
Bem, eu preparei para este domingo um conjunto de crónicas de António Lobo Antunes.
Dá para refrescar a alma. Ou aquecê-la. Depende do ar condicionado.
É só entrar na minha outra tasquita.

3 comentários:

Madalena disse...

Querida Titas, a tasquita abriu há dois dias.
É como o outlet, ainda não teve inauguração oficial.
Eu quero para a inauguração a rainha Titas e o Princípe Molin. São convidados de honra.
beijinhos

T. disse...

quem meus filhos beija, minha boca adoça. quando nos elogiam a família é impossível não agradecer. espero que continue a ler a obra do Mia. já agora será sempre bem vindo ao http://entrepedras.blogspot.com
um abraço

molin disse...

O meu regresso às aulas fazia-se só em Outubro. Tempo em que havia três meses de férias e que a felicidade prolongava-se por mais tempo. Não havia consolas, mas não faltava o consolo dos pais. Não havia Eurodisney, mas havia mergulhos na praia e tardes infindáveis de brincadeira saudável com recolha de caruma nas matas e pinhas para acender os fogareiros das sardinhadas. Pimentos nem vê-los (blagh!), mas eu comia a febra do peixe e deixava o resto para a minha avó rapar. Nunca me disseram que estragava o peixe: alguém tratava de fazer com que isso não acontecesse.
Setembro era, sem dúvida, a recta final das férias, mas era o período mais saboroso de todo o Verão. Sabíamos que estava a acabar e todos os bocadinhos eram vividos como se fossem os últimos momentos de um sol que só voltaria no ano seguinte.

Realmente, a televisão ainda é o que era então. Uma fase de transição entre a porcaria da programação vazia de Verão e os anúncios da nova grelha, que nos fazia crescer água na boca.

O tempo, agora, é todo igual. Já nem os feríados contam para diversão. Contam, isso sim, para o patrão pagar a dobrar, sem esquecer o subsídio de penosidade pelo facto de trocarmos um dia de folga pelo trabalho e ganhar mais uns cobres ao fim do mês. Como tudo mudou.

Mas eu ainda posso orgulhar-me deste mês. Referências musicais à parte, posso dizer: "Foi em Setembro que te conheci..."