segunda-feira, 17 de janeiro de 2005

Torga, ainda

A Musa adormeceu,
descansou.
A voz que se calou,
nada calou:
cumpriu!
E o pensamento
que a voz uma vida serviu
finalmente acalmou.
O poeta somente regressou
à natureza de onde um dia saiu.

Diz-se de Torga que era um homem inacessível, distante, pouco simpático, sobretudo quando vestia a farpela de escritor, em actos públicos. Diz-se e pode ser verdade.
Mas, na privacidade dos livros entregou-se (e entrega-se, já que foi um dos que da lei da morte se libertou) a todos, de alma e coração.

Adolfo Coelho da Rocha, Miguel Torga para os livros, nasceu a 12 de Agosto de 1907, em S. Martinho de Anta, Trás- os- Montes e morreu em Coimbra, a 17 de Janeiro de 1995.
Deixou a sua vida escrita em duas grandes obras autobiográficas: A Criação do Mundo e Diário, este último é prosa, poesia, ensaio...
São muitos os volumes de poesia e são também muitos os contos, deixando sempre visível a intenção de retratar um Portugal distante, sozinho e quase desconhecido.

"De alguma coisa me hão-de valer as cicatrizes de defensor incansável do amor, da verdade e da liberdade, a tríade bendita que justifica a passagem de qualquer homem por este mundo."
Esta é a sua última frase em prosa, no Diário.
Depois é o "Requiem de Mim", os últimos versos.

2 comentários:

lique disse...

Muito, muito bom encontrar aqui a lembrança desse escritor "enorme" que foi Miguel Torga. Um dos meus preferidos, sempre. Beijinhos

eduardo disse...

Bom dia, Madalena.
Naturalmente os terás todas (As Obras). Mas para que possas conferir se alguma te falta ou já não lembras, aqui tens:
http://geocities.yahoo.com.br/poesiaeterna/poetas/portugal/migueltorga.htm

É uma benesse recordá-lo. Sempre.

Beijinho.