quinta-feira, 10 de março de 2005

Notícia explicada aos crescidos

No passado fim de semana, a Capital dava conta da pobreza das crianças portuguesas, num pequenino texto, numa secção, dizia-se, de notícias explicadas às crianças.
Está na altura de as explicarmos aos adultos.
Sem conhecimento destes estudos, nós, os que vivemos próximos, sabemos há muito o que é um menino pobre e como, às vezes, é esse o menino mais indesejado na escola, porque perturba e só vai à escola para comer o almoço "à borla", mais um lanchinho, se calha.
Nem sequer estamos a falar da pobreza envergonhada.
Esta é mesmo desavergonhada: mostra-se no desalinho dos cabelos, no sujo agarrado ao corpo e às roupas, às mochilas caridosas e num ar de revolta que José Gomes Ferreira bem retratou no "Graxa".
Eis a notícia, pala mão de Daniel Sampaio, hoje, na Capital!
"Um Relatório da Unicef diz que 15,6% das crianças portuguesas vivem em agregados familiares pobres. Um estudo do Eurostat afirma que a taxa de pobreza infantil, em 2001, era de 27% e estava a aumentar desde 2001. Diferentes metodologias concordam no essencial: Portugal tem taxas muito altas de pobreza nas populações mais jovens.
Outro dado importante dos estudos diz respeito ao impacte das prestações sociais no nível de pobreza, diferente consoante o país. Na Finlândia, por exemplo, a intervenção do Estado reduz de modo significativo a percentagem de crianças pobres; em Portugal, pelo contrário, após as prestações estatais, a taxa de pobreza infantil sofre apenas uma pequena redução, de 16,4% para o valor apontado, 15,6%. Se nos lembrarmos que, em Portugal, um quinto da população está em risco de pobreza, percebemos bem como esta área deverá ser uma das prioridades do novo governo.
A direita costuma dizer que as preocupações sociais não são território único da esquerda, mas todos lembramos as suas críticas ao rendimento mínimo garantido e o atraso nas prestações sociais que muitas famílias sofreram, à custa da demora e do aumento de burocratização a que foram submetidas. Chegou a afirmar-se que essa medida de apoio social incentivava à preguiça e levava a que diminuisse uma procura persistente de emprego, por parte da população jovem!
Nesta área, mais uma mudança se impõe."


Foto da Unicef.

2 comentários:

Anónimo disse...

Este é um problema de que estou confiante haja minimização,com este governo.
Se o conseguirem no fim da legislatura-não só a pobreza das crianças,não só o abandono dos idosos mas também a redução drástica do abismo entre os muito ricos e os muito pobres-já mereceram o meu voto.
ana

eduardo disse...

Este assunto dava pano p'ra mangas e mais alguns saiotes, Madalena.
Como eu o percebo.
Há quantos anos ouvimos as promessas de inverter a situação?
Mas cada ano que passa mais pobres temos, e cada pobre mais filhos tem. Sem falar no afluxo de gente oriunda de outros mares que procuram a melhoria das suas vidas e encontram um inferno em vez do paraíso. Depois dá naquilo que todos nós sabemos: bairros degradados, qualidade de vida inferior, muitos amontoados de lata e papelão com muitas crianças à volta. Dá na televisão, Madalena.
Mas eu já estive lá.

Um beijo.