sábado, 23 de abril de 2005

Bocage e o Dia Mundial do Livro


O nosso Bocage vai ser homenageado em Setúbal, iniciativa da Câmara Municipal da sua cidade berço, no âmbito de outras comemorações que ainda virão, espera-se, por ocasião do bicentenário da sua morte.
Para além de poeta brilhante clássico, mais na forma do que no conteúdo (pré-romântico), Bocage foi um boémio na Lisboa do seu tempo e, sobre ele, se contam variados episódios que fazem parte do nosso anedotário lusitano.
De Bocage, a minha preferência vai para o soneto ditado na hora da morte, não pelo aspecto da conversão, mas pela representação da luta de forças interiores que certamente acontecem neste momento e que em mais nenhum registo encontrei de modo tão belo e tão lúcido!

Já Bocage não sou! . . . À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento . . .
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura.

Conheço agora já quão vã figura
Em prosa e verso fez meu louco intento.
Musa! . . . Tivera algum merecimento,
Se um raio de razão seguisse, pura!

Eu me arrependo; a língua quase fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:

"Outro aretino fui . . . A santidade
Manchei . . . Oh!, se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na Eternidade!"



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3 comentários:

lique disse...

Anda esquecido, este poeta! Mas tem belíssimos poemas. Beijinhos para ti. Bom fim de semana e bom 25 de Abril!

Mitsou disse...

É. Concordo em absoluto com a Lique. De corrida, vim deixar-te um beijinho e votos de bom feriado, linda :)

Emilia Miranda disse...

Na verdade não se fala muito, como diz lique, deste poeta. Por que será?
Um beijinho,
Emília.
P.S. Esta história colaborativa iniciada pelo Francisco está a ficar muito bonita, realmente, será que mais amigos a quererão continuar?