quarta-feira, 14 de setembro de 2005

A essência do movimento dos corpos

Isadora Duncan é uma das muitas figuras lendárias que povoam as memórias do nosso imaginário: a expressão do movimento todo-harmonioso, que se pode repetir vezes sem fim, sem que se perca a sensação primeira da perfeição do gesto que arrasta todo o corpo para o lugar certo, para a posição ideal, em que este pobre corpo, incontornavelmente efémero e feito de matéria, possa encontrar-se com as sensações transcendentes de bem-estar.

Isadora foi a dança na sua essência de movimento e beleza. Nada a fazia parar, nem as tragédias pessoais mais pungentes, mais dolorosas. Ela dançava ainda mais, guiada pelo espírito rebelde e sensível.
Dançou até ao dia em que um dos seus véus, écharpes, ou lenços, como lhe queiram chamar, se prendeu numa roda do Bugatti onde viajava, numa estrada da Riviera francesa, onde a beleza natural se conjuga com as belezas das bailarinas ou das princesas. Isadora Duncan morreu, assim, vítima de um acessório de moda e de um carro de luxo, no dia 14 de Setembro de 1927.
Mas o espírito da dança que Isadora dançou pela primeira vez não morre nunca. Haverá sempre outros corpos que se deixarão orientar pelo mesmo espírito libertador que Isadora espalhou pelos mundos onde viveu, pelos palcos onde dançou, indo buscar aos antigos, ao lugar dos antigos, a chama desse ideal.

2 comentários:

Dinamene disse...

Eu intuí que não ias deixar escapar a homenagem a esta esplêndida artista. E nas tuas «pequenas» crónicas, elas saem sempre vistas a uma outra luz.
Bjo.

Anónimo disse...

Estou aqui a tentar lembrar-me se foi um filme que vi, se foi um livro que li, sobre a Isadora. Não consigo, mas recordo-me que tive pena que ela não tivesse concluído uma casa, género templo grego, que na Grécia quis construir. Era uma mulher com força.
Beijinhos